25 fevereiro, 2008

Oscar 2008 - Comentários


Como prometido, no segundo post especial deste blog comentarei sobre o resultado do Oscar. Nenhuma grande surpresa mas, como sempre, algumas pequenas injustiças. Minha aposta de que Onde Os Fracos Não Têm Vez seria o grande vencedor estava certa. Vamos aos resultados:

Melhor Filme
Onde Os Fracos Não Têm Vez

Como dito antes, não é o que mais gostei dos 5 indicados. Mas todos eram muito bons, e os fatores externos estavam a favor dele.


Melhor Ator
Daniel Day-Lewis (Sangue Negro)

Nada mais justo. Aliás, a maior barbada deste Oscar. Os outros não eram páreo para a grandiosidade da interpretação de Day-Lewis.


Melhor Atriz
Marion Cotillard (Piaf - Um Hino ao Amor)

Ainda mais justo que o de Melhor Ator. Mas confesso que cheguei a pensar que Ellen Page levaria. Seria bastante injusto, já que a atuação da francesa Cotillard em Piaf pode ser colocada, facilmente, entre as melhores atuações da história do cinema, em qualquer sexo.


Melhor Ator Coadjuvante
Javier Bardem (Onde Os Fracos Não Têm Vez)

Também um exemplo de "conjunto da obra". Bardem é um excelente ator, e Hollywood precisava reconhecer isso.


Melhor Atriz Coadjuvante
Tilda Swinton (Conduta de Risco)

Meu voto iria para a jovem Saoirse Ronan de Desejo e Reparação. Mas, novamente, o excelente filme de Gilroy tinha que levar algum.


Melhor Diretor
Ethan Coen e Joel Coen (Onde Os Fracos Não Têm Vez)

É um Oscar típico do "conjunto da obra". Eles já foram indicados antes, mas é a primeira vez que ganham. Dentre os indicados, meu voto iria para Paul Thomas Anderson por Sangue Negro. É uma pena que Joe Wright não foi indicado pelo seu Desejo e Reparação. Merecia, e teria o meu voto.


Melhor Roteiro Original
Juno (Diablo Cody)

Meu voto iria para Ratatouille. Não apenas por ser uma animação que rompeu as barreiras, mas por ser de fato um excelente roteiro. Juno ganhou porque, afinal de contas, tinha que ganhar algo neste Oscar.


Melhor Roteiro Adaptado
Onde Os Fracos Não Têm Vez (Joel Coen e Ethan Coen)

Talvez a maior disputa desde Oscar. Difícil mesmo de decidir. E, assim sendo, melhor dar o prêmio para o "filme da vez". E assim foi.


Melhor Fotografia
Sangue Negro (Robert Elswit)

O vencedor tem uma fotografia de fato excelente. Mas o que foi feito em O Assassinato de Jesse James... nunca foi visto antes. A maior injustiça do Oscar na minha opinião.


Melhor Montagem
O Ultimato Bourne (Christopher Rouse)

Um filme de ação bem editado? É o mínimo que se espera! Vejam só, justamente numa categoria em que Onde Os Fracos Não Têm Vez teria o meu voto.


Melhor Direção de Arte
Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Dante Ferretti)

Um caso de "temos que dar um Oscar pra esse filme". Não é injusto, pelo contrário, mas certamente a decisão passou por esse caminho.


Melhor Maquiagem
Piaf - Um Hino ao Amor (Didier Lavergne e Loulia Sheppard)

A Piaf jovem adulta e a madura parecem atrizes diferentes. Além da soberba interpretação de Cotillard, a maquiagem aqui teve o seu papel muito bem cumprido. Piratas e pessoas gordas? Isso nós já vimos. Merecido.


Melhor Trilha Original
Desejo e Reparação (Dario Marianelli)

Tendo visto apenas três dos cinco indicados, eu também votaria nele. Mas, por ter Eddie Vedder compondo, imagino que Na Natureza Selvagem tenha uma trilha excelente também.


Melhores Efeitos Visuais
A Bússola de Ouro (Michael L. Fink, Susan MacLeod, Bill Westenhofer e Ben Morri)

O vencedor é bonito e bem feito. Mas Transformers trouxe alguma novidade. A forma como os robôs transmutavam-se em carros é excelente. Teria o meu voto.


Melhor Animação
Ratatouille

Não consegui assistir ainda o Persepolis, que dizem ser excelente. Mas, pelos quadrinhos, se ele ganhasse seria um prêmio puramente político. Como resultado final de uma peça cinematográfica de animação, Ratatouille ganha disparado. Poderia ter sido indicado a Melhor Filme, no lugar de Conduta de Risco. Não ganharia, mas merecia a indicação.



As categorias abaixo são ou muito técnicas para que eu possa comentar com consciência, ou contém filmes que eu não pude assistir. Para não ser mais leviano do que já devo ter sido acima, deixo estas apenas na lista:

Melhor Canção Original
Once (Falling Slowly)

Melhor Documentário
Taxi to the Dark Side

Melhor Documentário de Curta-Metragem

Freeheld

Melhor Filme Estrangeiro
Os Falsários - Die Fälscher (Áustria)

Melhor Mixagem de Som

O Ultimato Bourne (Scott Millan, David Parker e Kirk Francis)

Melhor Efeitos Sonoros
O Ultimato Bourne (Scott Millan & David Parker e Kirk Francis)

Melhor Curta de Animação
Peter & the Wolf

Melhor Curta Documentário
Le Mozart des Pickpockets

Melhor Figurino
Elizabeth: A Era de Ouro (Alexandra Byrne)

24 fevereiro, 2008

O Som do Coração (August Rush)




A música mexe com as pessoas, como poucas das artes. É possível encontrar alguém que diga que não gosta de pintura, de dança, de literatura, e até mesmo - heresia! - de cinema. Mas não se encontra alguém que não gosta de música. Ela é também a mais democrática das artes. Não apenas qualquer um pode apreciar, em qualquer lugar, como também qualquer um pode fazer, seja com instrumentos "oficiais", inventados, ou apenas com a própria voz. Estale os dedos em um determinado ritmo, e você está fazendo música. E a relação das pessoas com a música já foi tema de muitos filmes - que não são necessariamente musicais. O Som do Coração é uma peça belíssima, que utiliza muito bem a linguagem musical na sétima arte.

O recado principal da fita é dado já na primeira cena. Há música em todo lugar, apenas temos que ouvi-la. E os sons do filme são habilmente trabalhados para fazer a afirmação ser verdadeira. Quando o personagem principal, interpretado pelo jovem Freddie Highmore, sente-se bem, a música do cotidiano, o som das ruas, tem uma bonita melodia, que se torna uma série pouco agradável de ruídos quando ele sente-se angustiado. A interpretação do garoto Freddie coloca-o na lista dos pequenos ótimos atores, seguindo a trilha iniciada na nova geração por Haley Joel Osment e, mais recentemente, pela impressionante Dakota Fanning. Sua interpretação possui a força que só uma criança pode alcançar. Seu principal coadjuvante, Robin Williams, torna essa força ainda mais evidente. É notável também nesta produção o irlandês Jonathan Rhys Meyers, não tanto pela interpretação - que é boa, mas nada superlativo - mas especialmente por dar a sua voz a alguma das músicas do filme, e descobrimos que ele é não apenas afinado, como possui um timbre agradável. Keri Russel, conhecida do seriado de TV Felicity, completa o elenco principal, numa atuação que perde longe para a de Freddie.

E é com surpresa que recebemos bem Kirsten Sheridan, a também irlandesa diretora. Ela mostra muita sensibilidade ao conduzir muito bem uma história cheia de pequenas complexidades, que ficam ocultas no belo resultado que conseguiu alcançar. Alinhar a poesia e a música da história à linguagem do cinema não é tão fácil como pode parecer para quem assiste. Tornar todos esses ingredientes um filme tão bom é ainda mais difícil. Leve e tocante - sem duplo sentido - é um filme que os músicos irão adorar, e que vai fazer os não músicos terem vontade de passarem a sê-lo.

23 fevereiro, 2008

Antes de Partir (The Bucket List)




A morte é um tema bastante pesado para a maioria das pessoas. Quando se faz um filme que fala basicamente das coisas que fazemos antes de morrer, espera-se que seja um drama pesado e fúnebre. Antes de Partir consegue ser, ao mesmo tempo, sensível e profundo, além de muito, muito engraçado. A história de dois homens com câncer que resolver colocar em prática aquelas coisas que sempre dizemos que queremos fazer é até mesmo inspiradora.

A produção foi dirigida por Rob Reiner, um nome que os amantes de cinema mais atentos conhecem bem. Entre seus bons filmes estão Conta Comigo e a melhor comédia romântica de todos os tempos, Harry e Sally. Este coloca-se facilmente entre os melhores do diretor - que na verdade possui bem mais trabalhos como ator em seu currículo. Reiner gosta de diálogos e sabe dirigir bem seus atores. Costuma fazer filmes mais baseados neles - diálogos e atores - que em maquiagens, cenários e efeitos especiais. Apesar de Antes de Partir utilizar cenas em cenários que variam da savana africana ao alto do Himalaia, passando pela Índia, são aqueles dois pontos que mais merecem atenção.

Para estrelar o filme não poderia haver escolha melhor. Jack Nicholson e Morgan Freeman formam a dupla perfeita do milionário e do mecânico que se conhecem dividindo o quarto do hospital, e ouvem quando lhes sobra de vida. Desnecessário dizer que ambos são excelentes, e fazem da sua vasta experiência um dos pontos altos do filme. A mistura do humor sarcástico de Nicholson com a suavidade de Freeman, combinados ainda com o timbre grave das vozes dos dois, tornam seus diálogos especialmente saborosos.

Antes de Partir é bonito e divertido. Um exemplo de que um bom trabalho cinematográfico, mesmo em Hollywood, e mesmo no lado não alternativo, não precisa apelar para nada além de um bom roteiro. É daqueles filmes que devem ser revisitados de tempos em tempos, para que sempre descubramos algo novo em nós. É também um filme essencial para os muitos que temem a morte, e acham que é impossível fazer uma comédia que a tenha como tema.

Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street)




Se cada diretor famoso pudesse ter apenas uma palavra para classificá-lo, a de Tim Burton certamente seria "sinistro". Além da maioria dos seus filmes terem um toque da palavra, Burton é um dos poucos que conseguem alinhar os diferentes pedaços que formam uma peça cinematográfica ao próprio estilo. Sweeney Todd possui várias similaridades com outras produções do diretor, e uma grande diferença. Entre as semelhanças estão Johnny Depp, que já trabalhou com o diretor em 5 outros longas; Helena Bonham Carter, em sua quinta parceria com o marido; e a fotografia contrastada e pálida, beirando o preto e branco. E a grande diferença é que este filme é um musical - o que o impede de possuir uma das características de Burton, o músico Danny Elfman.

Não é a primeira vez que esse estranho musical da Broadway é filmado. Mas ter Tim Burton como diretor certamente chama alguma atenção. A produção é excelente, como sempre nos filmes dele. A iluminação é soberba, os movimentos de câmera tornam as cenas praticamente um balé visual, os cenários são primorosos e a maquiagem idem. A história do barbeiro vingativo parece ter sido feita sob encomenda para ele. Tudo parece ir muito bem, mas há um ponto que parece não se encaixar, e é justamente o fato de ser um musical.

Claro, há Johnny Depp em uma das suas grandes atuações, e Helena Bonham Carter também em grande forma, e o resto do elenco todo muito bom. Mas nada disso impede o filme de ser um pouco chato. Há vários momentos em que preferiríamos que fosse a mesma história, mas sem os personagens cantando. Com tudo tão bem trabalhado, foi justamente no estilo que Burton pecou. Mesmo assim é bastante interessante, e um Tim Burton mediano ainda é bem melhor do que a maioria dos filmes que vemos por aí.

17 fevereiro, 2008

ATUALIZADO - Especial: Oscar 2008

Agora que já assisti a pelo menos os cinco indicados a Melhor Filme, posso, além de atualizar o post para que ele apareça na primeira página do blog, arriscar um palpite nessa categoria. A disputa é acirrada. Mas as notas que eu dei reduzem a escolha a três: Desejo e Reparação, Onde Os Fracos Não Têm Vez e Sangue Negro. Continua difícil, há a vontade de declarar empate técnico. Mas é Desejo e Reparação que possui o melhor "conjunto cinematográfico", por assim dizer. É o filme mais completo.

Entretanto, este é o meu voto, não o meu palpite. Como dito abaixo, nem tudo no Oscar é arte. Conduta de Risco é um azarão, mas pode surpreender justamente para evitar conflitos. E, para tentar mudar a imagem comercial do Oscar, é possível que Juno seja o escolhido. Vale lembrar que quatro dos cinco indicados a Melhor Filme também estão concorrendo pela Melhor Direção. Se este Oscar for do tipo que vai consagrar um filme, provavelmente será Onde Os Fracos Não Têm Vez. Isso até deixaria o prêmio de Melhor Ator para Daniel Day-Lewis, que certamente merece. Então, na ordem, seria assim: 1- Onde Os Fracos Não Têm Vez; 2- Sangue Negro; 3- Juno; 4- Desejo e Reparação; 5- Conduta de Risco. Novamente, é o meu palpite, não a minha opinião.

Ok, fui muito além no meu palpite do que o Melhor Filme, mas por conta dos pontos que devem ser considerados tratando-se do Oscar. E já que fui além, vou abusar. Só assisti dois dos que concorrem a Melhor Atriz e, mesmo sabendo que as chances de Ellen Page são maiores do que da francesa Marion Cotillard - Ellen é norte-americana e bastante jovem, duas coisas que a academia costuma premiar - é preciso dizer que, infelizmente para Ellen, a atuação de Marion em Piaf foi soberba, e está muito à frente.

Reiterando meu compromisso, depois do resultado vem o segundo post especial, com comentários. O resultado do Oscar será anunciado em 24 de fevereiro.

_______________________________________

Em breve teremos novamente uma das premiações mais tradicionais do cinema, o Prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, popularmente conhecido como Oscar. Sim, é uma premiação que envolve muita política - às vezes mais do que arte cinematográfica. Sim, eles privilegiam produções dos EUA e relevam alguns ótimos filmes de outros países. Sim, para os amantes de cinema, não é a premiação mais importante. Mas é o mais famoso, e também devemos prestar atenção nele. Portanto, este blog inaugura seu primeiro post especial, para a edição 2008 do Oscar.

Não assisti ainda, claro, todos os filmes indicados - mesmo porque alguns nem mesmo foram lançados no Brasil. Mas já assisti vários, e todos foram devidamente contemplados no Parada Crítica. Abaixo, a lista dos indicados, com links para as críticas do que eu assisti:

Melhor Filme
Conduta de Risco
Desejo e Reparação
Juno
Onde os Fracos não têm Vez
Sangue Negro

Melhor Ator
George Clooney (Conduta de Risco)
Daniel Day-Lewis (Sangue Negro)
Johnny Depp (Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet)
Tommy Lee Jones (No Vale das Sombras)
Viggo Mortensen (Senhores do Crime)

Melhor Atriz
Cate Blanchett (Elizabeth: A Era de Ouro)
Julie Christie (Longe Dela)
Marion Cotillard (Piaf - Um Hino ao Amor)
Laura Linney (The Savages)
Ellen Page (Juno)

Melhor Ator Coadjuvante
Casey Affleck (O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford)
Javier Bardem (Onde os Fracos não têm Vez)
Philip Seymour Hoffman (Jogos do Poder)
Hal Holbrook (Na Natureza Selvagem)
Tom Wilkinson (Conduta de Risco)

Melhor Atriz Coadjuvante
Cate Blanchett (I'm Not There)
Ruby Dee (O Gângster)
Saoirse Ronan (Desejo e Reparação)
Amy Ryan (Medo da Verdade)
Tilda Swinton (Conduta de Risco)

Melhor Diretor
Paul Thomas Anderson (Sangue Negro)
Ethan Coen, Joel Coen (Onde os Fracos Não Têm Vez)
Tony Gilroy (Conduta de Risco)
Jason Reitman (Juno)
Julian Schnabel (O Escafandro e a Borboleta)

Melhor Roteiro Original
Conduta de Risco (Tony Gilroy)
Juno (Diablo Cody)
Lars and the Real Girl (Nancy Oliver)
Ratatouille (Brad Bird)
The Savages (Tamara Jenkins)

Melhor Roteiro Adaptado
Desejo e Reparação (Christopher Hampton)
Longe Dela (Sarah Polley)
O Escafandro e a Borboleta (Ronald Harwood)
Onde os Fracos não têm Vez (Joel Coen, Ethan Coen)
Sangue Negro (Paul Thomas Anderson)

Melhor Fotografia
O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (Roger Deakins)
Desejo e Reparação (Seamus McGarvey)
Onde os Fracos não têm Vez (Roger Deakins)
O Escafandro e a Borboleta (Janusz Kaminski)
Sangue Negro (Robert Elswit)

Melhor Edição
O Ultimato Bourne (Christopher Rouse)
O Escafandro e a Borboleta (Juliette Welfling)
Na Natureza Selvagem (Jay Cassidy)
Onde os Fracos não têm Vez (Ethan Coen, Joel Coen)
Sangue Negro (Dylan Tichenor, Tatiana S. Riegel)

Melhor Direção de Arte
O Gângster (Arthur Max)
Desejo e Reparação (Sarah Greenwood)
A Bússola de Ouro (Dennis Gassner)
Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Dante Ferretti)
Sangue Negro (Jack Fisk)

Melhor Figurino
Across the Universe (Albert Wolsky)
Desejo e Reparação (Jacqueline Durran)
Elizabeth: A Era de Ouro (Alexandra Byrne)
Piaf - Um Hino ao Amor (Marit Allen)
Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Colleen Atwood)

Melhor Maquiagem
Piaf - Um Hino ao Amor (Didier Lavergne, Loulia Sheppard)
Norbit (Rick Baker)
Piratas do Caribe no Fim do Mundo (Ve Neill, Martin Samuel)

Melhor Trilha Original
Desejo e Reparação (Dario Marianelli)
Na Natureza Selvagem (Michael Brook, Kaki King, Eddie Vedder)
Conduta de Risco (James Newton Howard)
Ratatouille (Michael Giacchino)
Os Indomáveis (Marco Beltrami)

Melhor Canção Original
August Rush (Raise It Up)
Encantada (Happy Working Song)
Encantada (So Close)
Encantada (That's How You Know)
Once (Falling Slowly)

Melhor Edição de Som
O Ultimato Bourne (Scott Millan, David Parker, Kirk Francis)
Onde os Fracos não têm Vez (Skip Lievsay, Craig Berkey, Greg Orloff, Peter F. Kurland)
Ratatouille (Randy Thom, Michael Semanick, Vince Caro, Doc Kane)
Os Indomáveis
Transformers (Kevin O'Connell, Greg P. Russell, Peter J. Devlin)

Efeitos visuais
A Bússola de Ouro (Michael L. Fink, Susan MacLeod, Bill Westenhofer, Ben Morris)
Piratas do Caribe no Fim do Mundo (John Knoll, Hal T. Hickel, Charlie Gibson, John Frazier)
Transformers (Scott Farrar, Shari Hanson, Russell Earl, Scott Benza)

Melhor Animação
Persepolis (Vincent Paronnaud, Marjane Satrap)
Ratatouille (Brad Bird)
Tá Dando Onda (Ash Brannon, Chris Buck)

Melhor filme estrangeiro
Fälscher, Die (Áustria)
Beaufort (Israel)
Mongol (Cazaquistão)
Katyn (Polônia)
12 (Rússia)

Melhor Documentário
No End in Sight
Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience
Sicko
Taxi to the Dark Side
War Dance

Melhor Documentário de curta-metragem
Freeheld (2007)
La Corona (2008)
Salim Baba (2008)
Sari's Mother (2006)

Melhor filme de animação - curta-metragem
Même les pigeons vont au paradis
I Met the Walrus
Madame Tutli-Putli
Moya lyubov
Peter & the Wolf

Melhor curta-metragem
At Night
Il Supplente
Le Mozart des pickpockets
Tanghi argentini
The Tonto Woman

Fiquei muito feliz em ver Ratatouille na lista dos Roteiros Originais, senti falta de 300 em algumas categorias, acho que Tá Dando Onda tirou injustamente a vaga de outras boas animações que mereciam ser indicadas. Mas não vou - pelo menos ainda - dizer quais são as minhas apostas. Até porque seria leviano da minha parte, sem ter visto todos. Quando o resultado sair, faço um apanhado crítico do Oscar 2008 aqui.

Juno (Juno)




A indústria cinematográfica norte-americana é imensa, a mais avançada do mundo em recursos, e uma das que mais produz - perde incrivelmente para a Índia e, pasmem, Nigéria. A maioria das produções são levemente pasteurizadas, há muitos filmes de ação com vastos efeitos especiais, muita bobagem classificada como comédia, tudo aquilo que todos já sabemos. Mas ainda há bom cinema acontecendo lá, quase sempre em uma vertente "alternativa" - entre aspas, pois o alternativo deles é uma superprodução em quase qualquer outro lugar. E esses filmes têm chamado a atenção. Não é à toa que a maioria das grandes produtoras tem uma vertente alternativa, que busca talentos a serem desenvolvidos. Jason Reitman é um desses. O canadense fez vários curtas até dirigir o excelente Obrigado Por Fumar. No ano passado, ele uniu-se à roteirista novata Diablo Cody, e juntos fizeram Juno.

O filme conta a história de uma adolescente que descobre estar grávida de um amigo do colégio. O filme poderia ir para o lado dramalhesco, defendendo o direito ao aborto ou sendo contra ele, mostrando como o sistema de adoção funciona lá, pregando que os jovens devem ter mais cuidado em suas relações sexuais. Poderia ir para o trágico, mostrando o futuro perdido da menina, por um deslize bobo. Esses seriam os caminhos fáceis - o que os filmes pasteurizados escolheriam. Mas eles escolheram a comédia sarcástica. A direção lembra um pouco o Pequena Miss Sunshine, com seus diálogos cortantes e ainda assim engraçados.

Ellen Page, a jovem do papel principal, já tem alguma experiência como atriz. Há algum tempo, fez um excelente papel em Menina má.com. Ela veste Juno como se fosse a roupa que usa desde sempre. Sua atuação é excelente, e destaca-se facilmente no filme. Tão fácil que o resto do elenco parece meio deslocado. Jennifer Garner e Jason Bateman, como o casal disposto a adotar a criança de Juno, é o estereótipo da mentira do american way of life. Ele, especialmente, esforça-se para fazer o seu papel de bem-sucedido mas infeliz, mas falta-lhe alguma expressão. Quem se sai bem também é, não por acaso, o pai, Michael Cera. Ele foi elogiado recentemente por Superbad, e aqui merece novamente aplausos. Seu adolescente falsamente bobo é quase perfeito.

Juno é simpático, sensível, e muito engraçado. É o tipo de filme que gostaríamos de ver mais, que consegue divertir na medida e ainda ser uma grande realização cinematográfica. Concorre ao prêmio máximo da Academia Norte-americana, mas o páreo está duro. Ainda assim, é o único na lista quíntupla capaz de agradar a todos, o que por si só já o torna imperdível.

16 fevereiro, 2008

Sangue Negro (There Will Be Blood)




A origem dos Estados Unidos como uma nação forte e dominante é um tema freqüentemente visitado no cinema, mas quase sempre com um "distanciamento seguro". Em Sangue Negro acontece exatamente isso, e a distância é tomada a partir do recorte da história de um personagem em particular, um homem que prosperou no início do século XX prospectando petróleo. Ganância, família e religião são, aqui, as bases do futuro norte-americano, e são também o foco dos conflitos, contrapondo um jovem pastor e sua comunidade ao prospector.

A fita é dirigida por Paul Thomas Anderson. O jovem californiano dirigiu muito pouco, apenas 5 longas com este. Entre eles, duas pérolas: Boogie Nights e Magnólia, os dois que o consagraram, e que mostram que é um bom diretor. Seu estilo tende a aproveitar muito da fotografia e do cenário para contar a história, e em Sangue Negro ele a deixa falar como nunca. O primeiro diálogo do filme só acontece mais de 10 minutos depois do início, quando o personagem principal, já prosperando, apresenta-se a uma pequena cidade. Nesse silencioso começo, vemos Daniel Plainview passar de um solitário minerador a um prospector e pai solteiro. Sem diálogos.

A presença de Daniel Day-Lewis é, praticamente sozinha, a certeza de um grande filme. O inglês atua cada vez menos, e por isso escolhe muito bem não apenas os roteiros e os personagens, mas também os diretores. E é, hoje, o maior representante da consagrada técnica de atuação conhecida como "O Método", em que atores fazem uma longa imersão em seus personagens, praticamente tornando-se eles durante a produção. Para quem não conhece, uma pequena amostra: se você interpretar o rival de um ator que trabalha com o Método, ele não trocará uma palavra gentil com você, durante o tempo em que a produção levar. E justamente como rival neste está o jovem Paul Dano - que saiu-se muito bem como o revoltado adolescente de Pequena Miss Sunshine. Dano demonstra que tem muito potencial, e encara com habilidade a grandiloqüência da atuação de Day-Lewis.

Os temas da produção - aqueles ditos no primeiro parágrafo - são tratados sem beleza e sem meandros. Mesmo a religião é mostrada como um mecanismo de coerção social, o que pode desagradar bastante. Mas é uma peça cinematográfica extremamente bem feita. Cada ponta está corretamente amarrada - o que é uma marca do diretor - e o ritmo é adequado. Tudo funciona muito bem, mesmo quando é para causar algum choque. O conflito, iminente o tempo todo, e do que trata o título original, é a força motriz da história, e é respeitado em cada cena. Como em quase todos os seus filmes anteriores, Paul Thomas Anderson mostra-se um suspiro do bom cinema inserido nas engrenagens da indústria norte-americana.

Onde Os Fracos Não Têm Vez (No Country For Old Men)




O que fazem e como pensam as pessoas que já estão há anos na mesma posição, e deparam-se com as mudanças radicais do mundo atual? Essa é a premissa de Onde Os Fracos Não Têm Vez - uma tradução quase correta, já que o original é No Country For Old Men. O novo filme dos irmãos Coen utiliza uma maneira interessante de contar histórias. Dentre os vários pares de irmãos diretores, os Coen são os melhores. Escolhem bem seus roteiros, escolhem bem seus atores, são consistentes e coerentes. Mesmo assim, para o público, seus filmes oscilam muito. Mas não se enganem: eles sabem filmar, como poucos. Na carreira deles estão pérolas como Fargo, O Grande Lebowski e E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? - outro deslize na tradução do título.

Como é freqüente nos filmes dos Coen, o ritmo varia com a história, e a história, apesar de parecer bastante clara logo no começo, revela-se aos poucos. É só no final que realmente entendemos do que se trata - e os que não entendem, conseqüentemente, não entendem o filme. Eles tomaram o cuidado de resistir à tentação de fazer um filme de faroeste - apesar de se passar no Texas - e de fazer um filme de suspense - apesar da classificação indicar isso. A perseguição implacável do morador de um trailer que encontra uma pequena chacina que deixou alguns quilos de droga e uma mala cheia de dinheiro é apenas a desculpa para o que a trama realmente quer falar.

Vários rostos conhecidos estão nas telas. Para começar, um rosto que aqueles que viveram os anos 80 talvez custem a identificar: Josh Brolin, no papel do homem que encontra o dinheiro, é ainda conhecido pela sua primeira experiência nas telonas, como o irmão mais velho do Mikey dos Goonies. Javier Bardem, como o assassino, é o "latino da hora". Fazendo um bom papel atrás do outro - e todos extremamente variados - ele mostra que é um excelente ator. Tommy Lee Jones faz o papel de duplo veterano: dos cinemas, com sua atuação comedida - mas do tipo que só se alcança com muita experiência; e como o quase aposentado xerife.

Se você já assistiu, e não entendeu, uma dica: preste atenção ao título do filme, o original - que seria melhor traduzido por Onde Os Velhos Não Têm Vez. Se você não assistiu, preste atenção à narração logo no início do filme, além do título. E prepare-se para ser desafiado a captar não apenas na entrelinhas, mas também nas linhas que estão no verso, onde a história quer te levar.

08 fevereiro, 2008

Meu Monstro de Estimação (The Water Horse)




O período de dezembro e janeiro sempre trás as produções infanto-juvenis, que aproveitam as férias escolares. Os lançamentos incluem desde os mais bobinhos, só para as crianças mesmo, até os filmes de ação para os adolescentes, passando pelas aventuras que pretendem que os pais acompanhem os filhos. Meu Monstro de Estimação enquadra-se nesta última. A história é uma versão moderna e simpática da lenda do Monstro do Lago Ness, em meio às turbulências da segunda guerra mundial.

As belas paisagens escocesas são muito bem aproveitadas na exuberante fotografia, que envolvem um conto simpático visto, como de praxe, pelos olhos de uma criança. O elenco, tanto o infantil quanto o adulto, não tem grandes nomes - Emily Watson e Ben Chaplin são os rostos mais conhecidos -mas todos saem-se bem. O diretor Jay Russel também, em um filme que cabe perfeitamente na sua curta filmografia.

Um pouco mais longo que o padrão do gênero, essa produção diverte e cativa na medida certa, sem grandes pretensões. Uma pena a distribuidora Columbia não ter levado aos cinemas também as cópias legendadas. Apesar do público principal realmente preferir a versão dublada, sou um defensor da versão com som original, onde algumas nuances de atuação são preservadas.

07 fevereiro, 2008

Piaf - Um Hino Ao Amor (La Môme)




Quando se decide filmar uma biografia, há que se escolher apenas alguns aspectos do seu retratado, para que o resultado não seja uma fita demasiado longa. Essa característica já gerou muitos descontentamentos com as partes que ficaram de fora em algumas histórias - sem falar nas licenças poéticas que sempre são feitas. Talvez pelo zelo dos críticos ter diminuído, talvez pela qualidade das produções que aumentou, o gênero tem levado à telona belíssimas peças. Piaf - Um Hino Ao Amor confirma essa boa onda. Sua vida, desconhecida para a maioria, é praticamente uma seqüência de pequenas tragédias, entre as quais ela demonstra e lapida sua magnífica voz.

O filme é de uma beleza primorosa - e por isso não entendam que ele é bonito o tempo todo. As caracterizações, tanto do espaço quanto das pessoas, é fantástica, como também a transição entre elas. Nada percebemos na dificuldade que deve ser mostrar um pedaço de uma história em um bordel na Normandia, e outro em um hotel de luxo em Nova York. O cuidado nos detalhes, na excelente maquiagem que envelhece aos poucos os personagens, é a marca de um filme bem trabalhado. Seu diretor, Olivier Dahan, é pouco conhecido aqui - talvez alguns tenham assistido à continuação de Rios Vermelhos, um filme de ação francês. É quase certo que veremos seu nome novamente envolvido em alguma grande produção.

Um dos detalhes interessantes é a seqüência de atrizes que interpretam Edith Piah ao longo dos anos. Da pequena Manon Chevalier, passando pela jovem Pauline Burlet, até chegar à excelente Marion Cotillard - respectivamente Piaf aos 5, 10 e adulta - todas apresentam uma quase inacreditável semelhança entre si, ajudando ainda mais para que entremos no ambiente e percebamos Piaf crescendo. O trabalho de Marion Cotillard é excepcional. Poucas vezes se viu uma atriz aproveitar tão bem a maquiagem, e utilizar a linguagem corporal com tamanha habilidade. Antes de ver os créditos, pensava que a Piaf jovem adulta e a madura eram atrizes diferentes, tal o poder da interpretação que atriz francesa apresentou. É tal que conseguiu quebrar o fechado círculo norte-americano e ser indicada a melhor atriz no Oscar 2008.

Seja você um conhecedor da cantora ou não, amante da música francesa ou não, Piaf deve ser visto. Não apenas é uma belíssima peça cinematográfica, que conta uma história muito interessante, mas é também uma chance rara de conhecer a força do cinema europeu em uma produção que consegue unir todo o aspecto do cinema-arte que o velho mundo gosta com os filmes comerciais que o novo mundo - Brasil incluído - acostumou-se. Imperdível.

05 fevereiro, 2008

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (4 luni, 3 saptamani si 2 zile)




A história de um país conta muito na formação dos seus artistas, e no cinema não é diferente. Não é à toa que o Brasil ainda faz filmes tendo a seca no nordeste como tema ou lugar, sobre a ditadura, e outras inspirações recorrentes. O Leste Europeu possui o seu jeito particular de contar histórias, também com fortes ligações com seu passado. A maioria dos países daquela região foi envolvida nas duas grandes guerras apenas pela proximidade geográfica, e depois engolida pela extinta União Soviética por um acordo político. As privações e proibições desse período recente tornou a narrativa cinematográfica deles forte e chocante - como era sua realidade.

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias parte de uma trama muito simples. Conta um dia na vida de uma estudante universitária que ajuda sua colega de quarto a realizar um aborto ilegal. A grande diferença do filme está na maneira como a história é contada. Não há meandros, não há truques, não há sombras. Diz-se o que deve ser dito, e, especialmente, mostra-se o que deve ser mostrado, com toda a dureza necessária. A narrativa extremamente realista lembra um pouco a literatura da região, com seus detalhes explícitos. A intenção é clara: chocar o público, contagiá-lo com o que era a Romênia nos anos 80, ainda sob o jugo da URSS. Nada de julgamentos sobre a legalidade do aborto e o direito da mulher ou do feto. Apenas o fato, sob luz forte.

O estilo forte do diretor Cristian Mungiu lhe deu a Palma de Ouro em Cannes. Apesar de não ter o prestígio comercial do Oscar, a premiação de Cannes é de longe a mais importante no sentido artístico do cinema, e isso mostra a qualidade que a produção tem. E para mostrar como o estilo norte-americano não admite esse "excesso de realidade", nem mesmo uma indicação ao premio da Academia Norte-Americana o filme teve. Mas por trás de todo o choque, de toda a revolta que causa, há uma história bem contada. Bem o suficiente para ser apropriado - e até necessário - recomendar que pessoas muito sensíveis não assistam.

02 fevereiro, 2008

Sexo Com Amor?




O gênero das comédias românticas, nos mercados cinematográficos mais desenvolvidos, costuma ser uma espécie de exercício para produtores, diretores, atores e equipe, algo para ganhar um dinheirinho entre uma superprodução e outra. O cinema brasileiro cresceu muito nos últimos vinte anos, mas ainda há um longo caminho a ser traçado, especialmente na cabeça dos espectadores. E aqui filmes bobinhos servem para que os nossos profissionais do audiovisual possam entrar em contato com uma produção diferente do estilo televisivo a que estão acostumados. Nada contra, pelo contrário. Mas às vezes parece que as oportunidades de experiência não são levadas a sério.

Sexo Com Amor é a estréia no mundo da sétima arte para várias pessoas já freqüentes na nossa telinha. O time, à primeira vista, parece mostrar alguma vantagem competitiva, mas o resultado nas telas não é dos melhores. Há um causticante desnível de performance, e um quase padrão. Alguns dos mais experientes estão um tanto perdidos, enquanto novatos saem-se bem. O diretor Wolf Maya, em seu primeiro filme, comete muitos dos erros que o seu colega de Globo Jaime Monjardim cometeu em Olga, e não consegue "falar" a linguagem cinematográfica, filmando como se fosse para uma novela. José Wilker, veteranasso em frente e atrás das telas, é incrivelmente uma das piores atuações da fita. Empata nariz a nariz com Reynaldo Gianecchini - mas deste ninguém espera muito mesmo. Malu Mader, também das antigas, faz um papel muito mais coadjuvante, e mostra bem que não estava interessada em gastar seu talento aqui, mas tudo bem. Mas nos novatos, há algumas qualidades. Carolina Dieckmann, estreando no cinema, está muito bem, sem exageros. A novidade Maria Clara Gueiros e a novíssima Natasha Haydt são as que mais aproveitam o momento. Todo o resto apenas se equilibra.

Não são 90 minutos totalmente perdidos, porque o filme é engraçado e diverte. Mas o roteiro se perde ao tentar dar andamento a três histórias paralelas, e contar muito em pouco tempo. Trazendo muitos vícios da TV, a produção careceu de algum direcionamento, algo que desse forma ao roteiro e servisse de guia à equipe. Em um momento com tantas boas produções disputando espaço nas telas - em alguns lugares é possível ter todos os cinco indicados a melhor filme no Oscar 2008 ainda em exibição - este brasileiro provavelmente não vai tão longe quanto algumas boas películas verde e amarelas vêm fazendo.