29 junho, 2008

Antes Que O Diabo Saiba Que Você Está Morto (Before The Devil Knows You're Dead)




Sidney Lumet sempre foi um diretor de filmes fortes. Seus maiores sucessos, muitos baseados em histórias reais, incluem clássicos como Um Dia de Cão, Rede de Intrigas e Negócios de Família. Sua última produção vem recebendo elogios por onde é apresentada, e não é por menos. Antes Que O Diabo Saiba Que Você Está Morto é um dos seus trabalhos mais contundentes. A história de um plano de assalto que parecia simples e perfeito, mas que tem consequências desastrosas, lembra um pouco Um Dia de Cão, mas apenas na superfície. Aqui o que está sendo tratado é a intrincada teia que forma as relações humanas, mesmo as mais fortes.

Conhecido como um excelente diretor de atores, Lumet apoia-se em um elenco de primeira, de quem extrai performances memoráveis. Phillip Seymour Hoffman está soberbo como o irmão mais velho que convence o mais novo, Ethan Hawke, também ótimo, a assaltar a joalheria dos pais. Marisa Tomei e o veterano Albert Finney completam com boas atuações. O filme avança e retrocede mostrando vários momentos antes e depois do assalto, e a forma como o resultado afeta a todos. Apesar da falta de ordem cronológica, ele nos apresenta os detalhes importantes da história nos momentos certos, nos mantendo grudados à tela até o momento final.

A fotografia varia também conforme a cena, indo das cores vívidas ao pálido, mostrando que, nas mãos de quem sabe o que faz, a linguagem cinematográfica não tem limites. Imagem e som são praticamente atores aqui, e cada coisa está no lugar certo. Tenso e instigante, este é o tipo de filme que não nos deixa com uma sensação agradável ao sair da sala mas, mesmo assim, é o tipo de filme que todo amante do cinema adora assistir.

Amar... Não Tem Preço (Hors de Prix)




E falando em cinema francês à moda norte-americana, que tal uma comédia romântica à francesa? Amar... Não Tem Preço é o tipo de filme que se sairia bem em qualquer língua - apesar de que, claro, fica muito mais charmoso em francês. A história lembra um pouco o clássico Bonequinha de Luxo, mas tem a seu favor os belos cenários dos hotéis de luxo da França. Sem a pretensão da maioria das produções européias de ser artisticamente superior, consegue ser divertido e despojado.

Dos nomes envolvidos, o único conhecido é da atriz principal Audrey Tautou, do excelente Amélie Poulin e do regular Código DaVinci. Ela empresta seu carisma à personagem principal, uma aventureira que vive às custas de velhos ricos. Mas seu parceiro de cena Gad Emaleh não faz por menos, no papel do simpático e inocente funcionário de hotel que cai sem querer na mesma vida. Com ótimas tiradas cômicas - mas sempre mantendo a classe, como um bom francês - o filme não sai da linha em nenhum momento, o que mostra o mérito do diretor Pierre Salvadori.

É interessante que filmes assim estejam finalmente chegando a nós. Uma pena que, ainda, apenas nas salas alternativas - este é um exemplo de filme puramente comercial, que se sairia bem ao lado de qualquer comédia romântica atual. Não se deixe enganar pelo título bobinho, mesmo que o filme não tenha intenções mais intelectuais. No original, a expressão refere-se a algo que não tem preço, como na tradução, mas mais no sentido "Credicard". Para quem tem a sorte de ter por perto um cinema exibindo esta película, é uma boa chance de, talvez, perder o medo do cinema do velho mundo.

28 junho, 2008

As Aventuras de Molière - Um Irreverente e Adorável Sedutor (Molière)




O cinema europeu vai ser sempre um destaque ao artificialismo dos norte-americanos. Mas, vez por outra, também o velho mundo aventura-se por fantasias que tornem a sétima arte um pouco mais divertida. As Aventuras de Molière vale-se de uma passagem inventada da vida do famoso dramaturgo francês para nos trazer um filme leve e simpático. É interessante que o espectador conheça ao menos um pouco das impagáveis sátiras de Jean-Baptiste Poquelin - nome real de Molière - para aproveitar realmente a fita, mas não é obrigatório.

A história tem a intenção de nos mostrar justamente a origem do Molière dramaturgo, o ponto de onde ele tirou suas primeiras inspirações. Para isso, usa de vários artifícios que as peças do francês possuem para manter o humor sempre a um passo da crítica social da burguesia da época - duas de suas peças formam o mote principal do roteiro. Funciona muito bem, com diálogos quase à altura do original. O diretoe Laurent Tirard consegue mesclar um pouco da fotografia das belas pinturas renascentistas com técnicas modernas, criando cores que variam conforme o clima da cena - também um artifício teatral em princípio.

O elenco, quase todo desconhecido para nós, é muito bom, alcançando ótimas performances. Romain Duris, que interpreta o personagem principal, é às vezes um pouco exagerado. Mas Laura Morante, que faz a rica senhora que acolhe Molière sob um pretexto do marido, é excelente. De forma geral, são todos atores experientes, capazes de fazer os personagens de Moliére conviverem harmonicamente com o próprio na trama.

Como bem gosta o cinema europeu, é uma produção que se classifica entre o drama e a comédia - que para eles é a representação da vida real. Ambas as partes andam juntas sem problemas, e a parte da comédia garante boas risadas. Para quem nunca se interessou pelo cinema francês, é uma boa oportunidade de ver como há coisas muito boas fora do circuito comercial dos filmes em inglês. Este é também comercial, mas com aquele toque de arte que só alguns independentes norte-americanos conseguem alcançar.

27 junho, 2008

Agente 86 (Get Smart)




Retardatário da onda de filmes baseados em séries de TV, Agente 86 parece ter, afinal, escolhido um bom momento para ser transcrito para as telonas. No Brasil, transmitida primeiro pela Record, e depois pela Band, a série original nunca fez muito sucesso, sendo na verdade quase cult. A paródia das aventuras de James Bond era marcada pelo humor afiado em ótimos diálogos, pela produção pouco cuidadosa e pelas atuações quase teatrais. A versão cinematográfica tem mais glamour, mas preservou bem o que era mais importante.

Peter Segal, o diretor, é um especialista em comédias tolas, sem nenhum filme digno de nota - apesar de Como Se Fosse a Primeira Vez ser bastante simpático. Tudo bem, ele aparentemente entendeu o recado, e soube conduzir bem a história. O elenco foi muio bem escalado. Ninguém melhor, hoje, para interpretar Maxwell Smart que Steve Carell. Ele tem o tipo inocente - mas com expressão sabida - perfeita para o atrapalhado espião. Seus parceiros também não são ruins. Anne Hathaway chega a espantar com a qualidade da sua personagem. Até mesmo Dwayne Johnson convence como um dos agentes da C.O.N.T.R.O.L.

O filme é bobo, bastante bobo. Mas é divertido. Lembra bem a série, para os poucos que a acompanhavam, mas quem não conhecia o personagem não perde nada do contexto além do impagável sapato-telefone - que, aliás, foi muito bem enxcaixado. Vale pelas risadas e pela leveza. Uma pena que Don Adams, intérprete original de Max, não estivesse vivo para fazer uma aparição na fita.

22 junho, 2008

Wall•E (Wall•E)




A Pixar não brinca em serviço. Desde o seu primeiro longa de animação 3D, há mais de 10 anos, não fez nenhum filme médio. Enfrentou a concorrência crescente e manteve-se sempre na ponta, tanto tecnicamente quando na qualidade dos roteiros. Soube se renovar quando preciso, e manter as origens sempre. Enfim, os caras são bons. Wall•E, o último, não supera Rattatouille como história, mas apresenta inovações marcantes e a beleza primorosa de sempre.

Quase não há diálogos. Essa é uma diferença importante em um longa. Mas deixe-me corrigir algo: quase não há diálogos falados. Porque existe, sim, entendimento completo entre o que os robôs falam, tanto entre si quanto com o público. É impressionante que isso tenha sido atingido apenas por sons básicos e por expressões. Mais impressionante ainda o fato das expressões virem de robôs. Aliás, um ponto da qualidade Pixar é o cuidado na modelagem dos seus personagens. Do simpático Wall•E à modernosa Eva, passando por todos os seus colegas, basta uma rápida olhada para sabermos quem são e o que fazem.

Outra inovação é a presença, pela primeira vez em animações 3D, de imagens filmadas com atores. Tanto nas cenas de Alô Dolly! que o robozinho adora assistir, quando nas imagens e anúncios da empresa responsável por poluir - e depois limpar - o planeta, vemos pessoas de carne e osso. Apenas um detalhe que poderia ter sido resolvido de outra forma, mas que dá uma certa pimenta à produção, assim como as sempre presentes referências - o robô que comanda a nave Axiom lembra, em aparência - uma luz vermelha - e em atitude, a inteligência artificial HAL do filme 2001, Uma Odisséia no Espaço. Isso para ficar apenas na mais óbvia.

Comovente e engraçado, com uma lição moral presente mas que não prejudica em nada, Wall•E é uma prova de que a Pixar não está disposta a deixar seu posto tão cedo - e não é fácil. Ao mesmo tempo em que mantém, como sempre, os adultos muito bem entretidos, o filme mantém as crianças nas poltronas com facilidade. E, desta vez, até mesmo crianças menores - sim, elas também vão entender os sons e expressões dos autômatos. Para quem quer diversão com qualidade, e duvida que objetos de metal possam ser fofinhos.

20 junho, 2008

O Incrível Hulk (The Incredible Hulk)




O primeiro filme moderno do Hulk, lançado em 2003, não foi bem recebido pela crítica e pelo público - especialmente os que não conheciam os quadrinhos. O estilo profundamente cerebral imprimido por Ang Lee, apesar de fazer uma boa correspondência com o a história original, não agradou. Um ponto comum entre as opiniões era o fato de ter pouca ação. A nova versão foi feita sob medida para o mesmo público. Sem romper de vez com o primeiro, mas também sem continuá-lo propriamente dizendo, é mais um dos acertos da Marvel no cinema.

A editora de quadrinhos bancou todo o filme, e parece que é assim que fará com as próximas produções baseadas nos seus comics - e não são poucas. Por incrível que pareça, isso não engessou a história. Pelo contrário. Como sempre, alguns detalhes foram atualizados, e muitas liberdades foram tomadas. Um bom exemplo é a interferência do ator Edward Norton no roteiro - algo que ele faz com frequência, inclusive. Norton mudou bons pedaços do texto de Zak Penn, especialmente os diálogos. Penn foi o responsável pelo roteiro de diversos filmes de heróis da Marvel, e de mais alguns por vir. Ou seja, ele sabe o que faz. O diretor Louis Leterrier, que dirigiu pouco, mas tem no currículo o interessante Cão de Briga, conseguiu tornar o que poderia ser uma salada em uma bela peça.

Não há muito o que dizer de Norton como ator. Um dos - senão o - melhores da sua geração - ele não precisa se eforçar muito para ter uma performance excelente. E realmente não o faz, ainda que algumas cenas tenham um pouco mais de ação do que ele está acostumado. Felizmente, ele está muito bem acompanhado na fita. O veterano William Hurt está ótimo como o General Ross, e Liv Tyler, como sua filha, atua bem, mas um pouco atrás dos seus colegas. Quem também dá um show é Tim Roth, que mesmo baixinho e mirrado consegue dar voz a um muito bem treinado militar.

Com mais ação, um pouco mais de comédia, e ótimas referências ao universo Marvel, o filme caminha muito bem. A cena em que a Dra. Ross joga para Bruce Banner um par de calças roxas, durante a fuga, é de fazer os fãs da nona arte vibrarem. Explicando: nos quadrinhos, essa é a cor das calças de Hulk. E, mais uma vez, vemos que há um direcionamento para o que no futuro será a história da equipe de heróis Os Vingadores - já anunciado para 2011, logo depois do filme do Capitão América.

15 junho, 2008

A Outra (The Other Boleyn Girl)




As tramas e a vida privada das realezas européias da idade média sempre serão prato cheio para livros e filmes. Com mais ou menos embasamento histórico, as diferenças culturais entre nossa época e aquela despertam o interesse de qualquer um mais ou menos interessado no comportamento humano. A Outra trata de uma história que é conhecida mesmo por nós brasileiros - a quem normalmente pouco da história mundial é realmente transmitido: o caso de Ana Bolena, a plebéia que tornou-se rainha da Inglaterra, ao mesmo tempo em que convenceu o então rei Henrique VIII a quebrar os laços com a onipotente igreja católica e criar a religião Anglicana.

Vários nomes conhecidos no elenco, mas na direção um nome novo. Justin Chadwick dirige seu primeiro longa para o cinema - até então só tinha dirigido filmes televisivos ou episódios de seriados. Ele sai-se muito bem nessa primeira investida. Seu retrato do século XVI é bastante interessante, especialmente no cuidado com o figurino e na excelente fotografia. O inglês usa filtros para simular a iluminação proveniente da chama das velas utilizadas então, assim como aproveita bem a luz natural. As cores do filme são quase um personagem, fortes e quentes nos momentos em que a trama está se armando, sutil e fria quando acontece a reviravolta que levará ao final da fita.

E ele também demonstra uma boa mão com seus atores. As irmãs Bolena, se foram minimamente parecidas com Natalie Portman e Scarlett Johansson, realmente causaram um problema ao rei Henrique. Ambas são lindas e atuam bem, mas não há como negar que Natalie é muito superior artisticamente a Scarlett. Nenhuma delas é inglesa, e ambas poderiam ter cuidado mais do sotaque, como também Eric Bana no papel do rei. Jim Sturgess como o irmão Bolena responsabiliza-se por boa parte do sotaque inglês na fita. Os pais, Mark Rylance e Kristin Scott Thomas, atuam como bons veteranos, que deixam seus jovens protagonistas brilharem. Não há atuações excelentes, mas também não há ruins.

Antes que os historiadores joguem suas pedras, vale a pena assistir, inclusive pelo lado histórico. Correto ou não, devemos sempre nos lembrar de que, afinal, é um filme, com duração de quase duas horas, e que jamais poderia ser suficientemente acurado para manter o interesse. Sabendo que muito ali é exagerado e incorreto, ainda assim o básico da história é mantido, e muito bem apresentado.

14 junho, 2008

Fim dos Tempos (The Happening)




Péssima tradução do título, daquelas que praticamente estragam todo o suspense cuidadosamente preparado pelo autor. Dito isso, vamos à crítica.

Há 10 anos o mundo agraciou um cineasta novo, que nos apresentou uma interessante história que fica entre o terror e o suspense, muito bem trabalhada, com um roteiro excelente. Desde então, ele vem sendo criticado por não ser capaz de manter a qualidade. O que na verdade é um bocado injusto. Sexto Sentido é ótimo, mas Corpo Fechado é ainda melhor. O penúltimo filme de M. Night Shyamalan, A Dama na Água, é também fantástico, não importa o que outros críticos digam. Na opinião deste, a qualidade do indiano radicado nos Estados Unidos nunca caiu.

Shyamalan filma com um estilo próprio. Não gosta de várias das fórmulas hollywoodianas, e faz várias coisas que desagradam os grandes estúdios, como roteiros inteligentes. Poucos cineastas sabem manipular as emoções dos espectadores como ele - o que combina com a declaração um pouco fora de hora que fez quando se comparou a Hitchcock. Fim dos Tempos não é o melhor filme dele - até porque ele está abrindo mão de vários dos próprios conceitos para agradar a platéia, tudo por conta da injustiça feita à A Dama na Água.

Uma das características do diretor é não escolher grandes estrelas. Quando filmou Sexto Sentido, Bruce Willis não estava no melhor ponto da carreira, e o mesmo com Joaquim Phoenix em A Vila. Em Fim dos Tempos temos Mark Wahlberg e Jon Leguizamo, uma estrela menor e um excelente ator pouco aproveitado, além Zooey Deschanel, um talento ainda por ser descoberto. Shyamalan também não tira excelentes performances dos seus atores - a qualidade do então pequeno Haley Joel Osment foi mérito próprio. Outra característica é que sempre há crianças envolvidas na parte principal da trama. A jovem Ashley Sanchez faz apenas uma figuração mais frequente - o que provavelmente foi um dos pontos em que o diretor abriu mão das suas preferências.

Verdade seja dita, a maioria do público não deve gostar de Fim dos Tempos. Mesmo os admiradores de Shyamalan podem ficar um tanto desapontados. Mas isso não quer dizer que é um filme ruim. Pelo contrário. Quase todo filmado de dia e e cenas externas - muito bonitas por sinal - sem fantasmas, monstros, ETs, e sem mostrar diretamente a maioria das mortes, o filme nos deixa com aquela tensão típica dos bons suspenses o tempo todo, grudados na poltrona. Ou seja, mesmo fazendo concessões, ele sabe o que faz.

07 junho, 2008

As Crônicas de Nárnia - Príncipe Caspian (The Chronicles of Narnia: Prince Caspian)




Todo e qualquer filme épico feito neste século será comparado a Senhor dos Anéis. Se for uma trilogia, então, nem se fala. Mas nenhum merecerá tanto a comparação quando As Crônicas de Nárnia. O autor deste, C. S. Lewis, era amigo de Tolkien, o criador da Terra Média. Eles palpitavam sobre suas criações, e inclusive brigaram por causa delas. Tolkien foi o responsável por converter Lewis ao catolicismo, mas achava que não deveriam utilizar da literatura para transmitir mensagens católicas. Lewis discordava, e o fez em Nárnia. Aliás, o que mais chama a atenção em Príncipe Caspian é justamente o forte discurso religioso embutido, bem mais explícito que na primeira parte da aventura.

O segundo repete diversos dos ingredientes do primeiro: o diretor, boa parte do elenco, efeitos especiais, etc. Ao contrário de Senhor dos Anéis, não foi feito em seqüência - todos os três filmes da trilogia de Tolkien foram filmados de uma só vez, sem parar - e isso causa uma certa diferença, especialmente na idade dos jovens protagonistas. Na história, passou-se um ano desde a primeira aventura em Nárnia, mas foram três na vida real, anos demais para se esperar quando se trabalha com crianças. Ao mesmo tempo que percebe-se uma evolução na atuação - mesmo que nenhum dos quatro tenha atuado em outro longa entre o primeiro e o segundo - notamos o crescimento em idade deles, especialmente em Georgia Henley, a mais nova. Nada, entretanto, que prejudique muito.

Com a mesma seqüência de um pouco de filosofia cristã e um pouco de ação, é um filme para pré-adolescentes, divertido, e só. Vai sempre sofrer da comparação com Senhor dos Anéis, e vai sempre perder. Ainda assim, é uma produção muito bonita e bem feita, cuidadosa em certos detalhes, com uma história que continua adequadamente a primeira parte, e capaz de fornecer bons minutos de distração.

01 junho, 2008

O Melhor Amigo da Noiva (Made of Honor)




Não há como não comparar este com um dos maiores clássicos das comédias românticas, O Casamento do Meu Melhor Amigo, e isso mesmo antes de assistir ao filme, já no título traduzido. O mote central também guarda fortes referências com aquele, na verdade não nega ser uma versão inversa da trama. Claro que as comparações serão injustas. O Casamento do Meu Melhor Amigo teve Julia Roberts, Cameron Diaz em início de carreira, Rupert Everett - que sempre atua muito bem, e foi dirigido por P. J. Hogan, o australiano do Casamento de Muriel e do ótimo Peter Pan de 2003. Então esqueçamos essa referência, até porque, apesar das semelhanças, não há a intenção de se igualar - quanto mais superar - a produção de 1997.

O Melhor Amigo da Noiva é apenas uma comédia romântica bobinha e divertida. O diretor Paul Weiland é conhecido por alguns dos filmes do Mr. Bean - o que não é exatamente uma boa referência. Aqui ele mostra que não sabe fazer apenas comédias escrachadas. O charme da fita é provavelmente o clima "Sessão da Tarde", o que é reforçado pela presença do ator Patrick Dempsey no papel principal. Astro adolescente de comédias que ocuparam as nossas tardes no início dos anos 90, ele andava perdido em papéis secundários em seriados. Sua parceira, Michelle Monaghan, foi vista recentemente como a namorada sequestrada de Ethan Hunt no último Missão Impossível. Charmosa, ela soube emprestar ao papel a ingenuidade necessária à personagem.

Simpático e com alguns bons diálogos, a produção ficará um tanto perdida, já que agora começamos oficialmente a temporada de grandes lançamentos do verão norte-americano. Em meio aos super-heróis e histórias épicas, o humor leve e descompromissado pode não atrair tanto. Nenhum problema se você perdê-la nos cinemas; em breve, estará nas tardes da TV aberta.