12 janeiro, 2011

Você Vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos (You Will Meet a Tall Dark Stranger)




A volta a Nova York durou pouco, só um filme. Woody Allen foi novamente à Inglaterra para filmar Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos - tradução incorreta de You Will Meet a Tall Dark Stranger, que tem contexto com a trama. Mas ele manteve sua volta ao velho estilo. A trama com vários personagens interligados é recorrente nas suas produções, assim como a comédia que flerta com o drama - uma espécie de inversão de Crimes e Pecados.

Ainda assim, como nas primeiras produções no velho continente, a fotografia lembra o estilo que Allen sempre usou nos EUA, e o ritmo também. Mas a história nem de longe se compara com os melhores filmes dele - e nem com o seu último, que foi ótimo.

O elenco trabalha bem, com destaques para a ótima Gemma Jones e uma atuação bastante madura de Naomi Watts. A bela Freida Pinto - que atuou em Quem Quer Ser um Milionário? - parece não ter captado muito bem as maneiras do diretor, e fica um pouco deslocada em algumas cenas, com diálogos levemente forçados. A dupla Antony Hopkins e Lucy Punch faz um bom contraponto cômico na sua trama paralela.

Não há, de fato, grandes defeitos técnicos, nem de roteiro, mas também não há a grande força deste, que costuma ser o trunfo de Allen. O resultado é divertido, mas bem abaixo das expectativas quando se pensa em Woody Allen.

09 janeiro, 2011

Enrolados (Tangled)




Enrolados não é a primeira incursão da Disney na animação por computador sem a Pixar. Também não é, claro, o primeiro filme de princesa inspirado num conto de fadas. Mas é o primeiro a ser as duas coisas. E o que poderia ser apenas um detalhe é na verdade determinante aqui. O belíssimo visual de Enrolados, todo feito em CG, lembra bastante o esmero artístico do estúdio com seus clássicos desenhados à mão. E houve um bocado de esforço para isso acontecer, incluindo a criação de softwares e técnicas de renderização específicas criando um efeito de pintura, que valeram à pena como pode ser conferido na telona.

O resultado visual é em grande parte obra do supervisor de animação Glen Kean, que foi um dos produtores. Ele chegou a convocar um seminário com mais de 50 animadores da Disney - tanto os especialistas em CG quando em animação tradicional - para que, juntos, atingissem seu objetivo. Mas deve-se também ao outro produtor, o ex-diretor da Pixar John Lasseter. A união dessas duas mentes criativas resultou na melhor produção Disney em CG sem a Pixar, tecnicamente impressionante. Basta dizer que o maior medo dos animadores de CG a até pouco tempo atrás, cabelos, é aqui quase um personagem por si só.

A história é baseada no conto de fadas da Rapunzel. Baseado porque foram mudados pontos chave da história - originalmente, a Rapunzel não é uma princesa, mas sim encontrada por um príncipe, e seu cabelo não é mágico. As mudanças, entretanto, ajudaram a dar mais dinâmica à história, e também a tornar o filme atraente para meninos também - o principal personagem masculino é um ladrão - de bom coração, claro - boa pinta e valente. Infelizmente, escolheram Luciano Huck para dublá-lo, e a diferença para a atuação das outras vozes na versão brasileira é gritante.

Há também os outros elementos Disney presentes e bem colocados, como o impagável camaleão Pascal. Não espere, entretanto, profundidade nem surpresas muito grandes. É o típico filme Disney, divertido e sensível, que vai encantar crianças - e vários adultos também.