12 setembro, 2010

Amor à Distância (Going the Distance)




Comédias românticas não precisam de muito para agradar. O mote principal é basicamente sempre o mesmo - rapaz conhece garota, se apaixonam, há uma complicação, se separam ou não podem ficar juntos, superam a complicação ou separam-se de vez. Mas, dentro dessa receita, é possível acrescentar os mais variados temperos, sendo mesmo possível criar algumas obras primas. Sim, é difícil, e a maioria fica no médio - o que não é necessariamente ruim.

Amor à Distância revela a complicação logo no título. E pouco mais se acrescenta ao longo do filme. Num caso como esse, é preciso ter um bom punhado de cenas engraçadas no meio. A dupla formada pela diretora Nanette Bursteis e pelo roteirista Geoff LaTulippe sai-se bem nesse quesito. Há diversas partes hilárias, daquelas que só se consegue com um timing muito afinado.

A dupla principal é formada pela pantera Drew Barrymore e pelo Mac Justin Long - vai levar algum tempo até conseguirmos superar sua participação na ótima série de comerciais da Apple. Não acontece uma química especialmente boa entre os dois - um dos temperos que fazem uma obra prima do gênero - mas também não há falta dela. Mas sempre que Charlie Day aparece na tela, rouba a cena. O parceiro cômico foi muito bem utilizado e mutias das risadas acontecem quando ele aparece.

Numa época de poucos super lançamentos, e se você, como eu, não está em um lugar onde A Ressaca - que parece ser muito bom - estreou, é uma opção. Se Amor à Distância não chega a ser um excelente prato principal, ao menos não decepciona como sobremesa. E, como afirmei no primeiro parágrafo, ficar na média das comédias românticas é um bom resultado.

09 setembro, 2010

Nosso Lar




Anunciado como a maior produção cinematográfica brasileira até hoje, com números que são de fato espantosos no nosso mercado - e conquistando outros nas bilheterias - Nosso Lar pega carona na recente onda espírita no cinema brasileiro. Infelizmente, nem os números investidos, nem os obtidos, são sinais de qualidade - há vários exemplos disso, dos quais Avatar é certamente o mais retumbante. O filme é quase uma continuação da cinebiografia de Chico Xavier - foi baseado no seu livro psicografado mais famoso - mas consegue, mesmo com uma produção muito mais elaborada, ser ainda mais fraco que aquele.

A ousadia dos cineastas brasileiros em criar o visual do mundo espiritual descrito pelo espírito André Luiz a Chico Xavier está de parabéns. A forma como o fizeram, nem tanto. Chamar colaboradores de fora - como a empresa responsável pelos efeitos visuais Intelligent Creatures, o compositor Philip Glass e o fotógrafo Uri Steiger - não ajudaram a tornar o Nosso Lar factível como provavelmente a descrição do espírito tentou colocar. A cidade se parece com uma mistura de Brasília com a ideal Epcot City de Walt Disney. Só que feita de maquetes gigantes habitada por personagens em um chromakey ruim.

O uso do elenco é um pecado mortal por si só. Não me lembro de outra ocasião em que se conseguiu juntar tantos bons atores num mesmo filme brasileiro. E certamente não se encontrará outro em que foram tão mal utilizados. As atuações são muito boas quando não há diálogo. As falas, todas, sem exceção, são falsas e forçadas, e percebe-se que os atores têm dificuldade em fazê-las críveis. A falta de emoção dá a impressão de ser um grupo de amadores atuando - e está muito longe disso. Eles sofrem, mas o público sofre mais por ter que passar por tudo isso em meio a um filme arrastado, que carece de ritmo e erra em elementos básicos.

Wagner de Assis tem no currículo de direção apenas o médio e não muito conhecido A Cartomante, além das manchas graves de ter escrito quatro filmes da Xuxa. Ele praticamente não comanda o filme, que caminha nos próprios passos tortos. Este certamente será seu maior sucesso - já está perto de se tornar o maior sucesso do cinema brasileiro. Como toda história com temática muito fortemente ligada a religião, é um filme para espíritas, simpatizantes e para aqueles cujas convicções são facilmente conquistáveis. Esses acharão o filme sensacional, reconhecerão as descrições do livro e vibrarão a cada nova imagem mostrada. O público mais crítico provavelmente evitará apontar os diversos defeitos em troca de não iniciar uma discussão que não se conterá nos aspectos cinematográficos. E assim acabaremos idolatrando a mediocridade de uma produção que tinha potencial, mas não o alcançou.

04 setembro, 2010

Parada Crítica no PodCast do Na Casa do Mamãe

E eis que após mais de três anos de blog, duas coisas incríveis aconteceram - infelizmente nenhuma delas relacionada a cinema.

A segunda foi a citação do Parada Crítica no PodCast do Na Casa do Mamãe, capitaneado pelos amigos cuiabanos Leandro Magalhães e Luciano Marino. Você pode conferir aqui, lá por volta dos 6m30s:

PodCast do Mamâe 002 by Leandro Magalhães

E a primeira, citada pelo Luciano no próprio PodCast, é a mudança do layout do Parada Crítica.

Bem, obrigado Leandro e Luciano pela citação! E aproveito para fazer o mea culpa do layout: quando comecei o Parada Crítica, convidei meus amigos e colegas designers - que não são poucos - a se disporem a criar um template para o blog. Como podem imaginar, a resposta foi zero. Portanto, apesar de diferente, ainda uso um template pronto do Blogspot, e ainda aguardo por uma alma caridosa que monte um personalizado por mim, que nada entendo de programação.

A propósito ainda do PodCast, respondendo ao Leandro, vocês não verão uma crítica de Os Mercenários aqui. Este crítico se reserva o direito de não entrar em furadas que já são sabidas de antemão.