14 abril, 2011

Rio (Rio)


Uma animação do principal nome brasileiro no mundo do CG, ambientada no Rio de Janeiro é, por si só, um motivo mais que válido para comprar o ingresso. Felizmente, uma vez dentro da sala, as recompensas vão se somando. Rio traz de volta um pouco do ambiente criativo das primeiras animações por computador, quando o custo alto de cada pequeno trecho de filme era muito alto, e por isso o cuidado com o roteiro era extremo. Aliado às novas técnicas e capacidades tecnológicas, e apoiando-se na diversidade cromática brasileira, é um deleite para os olhos.

Carlos Saldanha, desde o começo, arrisca em sua BlueSky mais que outros estúdios, mesmo que a Pixar, quando o assunto é ação e, digamos, física aplicada à animação. Vimos isso nos três A Era do Gelo, e mesmo em Robôs. Com os pássaros de Rio, essa característica de Saldanha literalmente ganha asas. E mesmo assim a intensidade das cenas é sempre coerente com o roteiro.

Com todo respeito aos dubladores meus conterrâneos, se puder, prefira assistir a versão legendada. Não só as atuações vocais de Anne Hathaway, Jesse Eisenberg, Will.i.am, Jamie Foxx e Jemaine Clement, para citar só os principais, estão excelentes, como há alguns trechos de diálogo em que a confusão entre línguas é essencial - aliás, gostaria se saber como fizeram com os momentos em que Linda não entende quando falam com ela em português. Quem assistiu à versão dublada, por favor, coloque nos comentários.

Ah, sim, tem a tal polêmica do filme mostrar um Rio feito só de praias, favelas e carnaval - e feito por um brasileiro, ainda por cima. Bobagem. Pra começar, a intenção nunca foi retratar a realidade. Além disso, o Rio que aparece no filme é, de certo modo, fiel, apesar de segmentado. Mas não se importe com isso. Entre no cinema com a certeza de diversão e risadas garantidas.

03 abril, 2011

Sem Limites (Limitless)


Em 2006, um filme bastante interessante envolvendo um ilusionista estreou nos cinemas. Tinha uma fotografia muito bem feita, bons atores bem dirigidos, uma trama envolvente. O Ilusionista foi, infelizmente, foi quase eclipsado por Christopher Nolan e seu excelente O Grande Truque. Mas o diretor, então em seu segundo longa, conseguiu colocar uma pequena marca, daquelas suficientes para que prestemos atenção. Neil Burger dirigiu ainda outro longa, o desconhecido The Lucky Ones, antes de conseguir voltar ao grande circuito comercial com Sem Limites.

O que primeiro observamos no filme é que Burger realmente gosta de usar bem a fotografia. Aqui, ela se torna praticamente o estado de espírito do personagem principal em cena, saindo do cinzento para o colorido quando Eddie Morra, o protagonista, está sob o efeito da droga que o torna hiper inteligente.

Bradley Cooper, no papel principal, não chega a despontar, mas também não desaponta. Acompanhado da ligeiramente mais talentosa Abbie Cornish, e do notoriamente genial Robert De Niro, há uma boa equipe em frente às telas. E há ainda lugar para algumas surpresas como Andrew Howard em uma atuação bastate competente.

A história, que nos trailers parece se tratar de mais uma daquelas fábulas modernas com moral discutível, é bem aproveitada por Burger, inclusive fugindo desse estigma para quase o extremo oposto. O resultado final é um filme muito bom, embora não o bastante para entrar no circuito dos excelentes.