06 setembro, 2011

Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes)




Planeta dos Macacos é parte do cabedal cultural de boa parte do ocidente. Mesmo que seja fácil encontrar alguém que, hoje, não assistiu ao filme original ou a alguma das continuações da década de 70, é difícil que algo da história não seja familiar. Pode ser a icônica cena final do primeiro, com a Estátua da Liberdade destruída, pode ser simplesmente a imagem de macacos falantes dominando o mundo, ou alguma das muitas frases que ultrapassaram as décadas. E, como toda herança cultural, há sempre muito barulho quando se mexe nela. O filme de Tim Burton de 2001, tecnicamente falando, não é ruim, pelo contrário. Mas a história foi muito mudada para que pudesse ser aceita - para quem não lembra, ou não viu, no original o astronauta cai num planeta dominado por macacos que descobre-se depois ser a terra no futuro; na versão de Burton, trata-se também do futuro, mas em um outro planeta, que para piorar, no final, revela-se extremamente parecido com a Terra, mas construída pelos macacos.

A nova tentativa de relembrar a história não busca mudá-la ou refazê-la, mas sim explicar suas origens. No original, a evolução dos macacos é atribuída à guerra nuclear - sempre ela nos filmes da época da guerra fria. Agora, um tratamento genético experimental faz um chimpanzé desenvolver inteligência superior à de um ser humano. Novamente, muitos não vão gostar tanto assim da explicação, e vão torcer o nariz. E, novamente, é um bom filme, tecnicamente falando. A produção é excelente, os efeitos especiais são soberbos, e os pequenos detalhes de roteiro feitos para os fãs ardorosos da trama original estão ali - cita-se a primeira viagem tripulada à marte, e o subsequente desaparecimento dos astronautas, sem falar nos nomes e alguns diálogos.

A grande sacada desta versão é a utilização da captura de movimentos e expressões. Andy Serkis, sempre ele, dá vida à Cesar, o chimpanzé super inteligente, com realismo. Ele chega a sutilezas como “evoluir” a forma de se movimentar, parecida com a de um primata comum, mas levemente aprimoradas. A atuação virtualizada de Serkis supera de longe a de James Franco como o cientista que cria a terapia genética. Felizmente, há a presença do veterano John Lithgow enobrecendo as cenas em que participa. Freida Pinto, conquistando Hollywood, não surpreende. Brian Cox aparece pouco mas convence bem, e Tom Felton, em seu primeiro papel pós Harry Potter, faz um personagem muito parecido com o seu Draco Malfoy - é ele que diz a fala mais conhecida do filme original, “Tire suas mão fedidas de mim seu maldito macaco sujo!”

A explicação, em si, é boa, por colocar Cesar em uma posição em que não restava muito a fazer senão tentar se impor sobre os pobre humanos intelectualmente inferiores. Falta alguma emoção em certas partes, e foi um certo exagero colocar o orangotango conversando com sinais com Cesar - dá a impressão de que ele, também, é extremamente inteligente antes de receber o remédio. Colocados lado a lado, deixando a emoção de fora, a versão de Burton ganha. Mas, por não contrapor tanto a história, esta vai agradar mais.

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