01 novembro, 2009

Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds)



Pegue uma boa ideia, coloque algumas cenas chave - como uma especialmente longa, uma com um personagem importante descalço, uma filmada bem de cima - adicione diálogos bem trabalhados e encha de referências - do cinema, da cultura pop, dos seus próprios outros filmes. Trocando em miúdos, é assim que Quentin Tarantino trabalha. Claro que, escrito assim, parece muito fácil. Mas colocar todas essas marcas de estilo, e muitas outras, sem terminar com uma peça confusa depende de muito trabalho.

Tarantino anuncia os filmes que fará com muita antecedência, porque começa a trabalhar neles com muita antecedência. As primeiras ideias de Bastardos Inglórios surgiram antes que começasse a escrever Kill Bill - tanto que algumas foram usadas no próprio. Essa característica faz de suas produções sempre obras de arte. Infelizmente, não é uma arte fácil de ver, já que outra característica de Tarantino é a violência explícita. Ainda que aqui ele consiga fazê-la incrivelmente divertida.

Bastardos é provavelmente o filme mais complexo do diretor. Além de um elenco bem mais longo que os outros, há também a forma primorosa como trabalhou as várias personalidades, não deixando lacunas. E, como sempre, ele dirige bem seus atores. Seria perda de tempo dizer quem está bom, todos estão. Um pequeno destaque para o austríaco Christoph Waltz em sua primeira produção norte-americana, no papel do detetive da Gestapo inspirado em Sherlock Holmes - ele inclusive fuma um cachimbo do mesmo modelo.

Por mais que gere controvérsias, é inegável: Tarantino sabe fazer bom cinema. Domina a técnica narrativa como poucos, e a câmera como menos ainda. É capaz de colocar sua marca inclusive nos erros propositais que comete, e de deleitar os cinéfilos com uma qualidade que infelizmente torna-se cada vez mais rara. É difícil dizer qual é o melhor filme dele, mas posso afirmar que neste ele exercitou seu talento combinado à experiência da sua já longa carreira. Imperdível.

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