19 fevereiro, 2011

De Pernas Pro Ar




Já escrevi várias vezes sobre o renascimento do cinema brasileiro, muito graças à Globo Filmes, e de como mesmo filmes bobos e vazios ajudam, no fim das contas, a sedimentar o cinema como negócio no Brasil - o que, com sorte, pode culminar e mais produções e mais espaço para os cineastas. De Pernas Pro Ar é um título típico desse movimento. O filme começa bem ruim, reciclando mal clichês já utilizados em filmes que vão de Em Busca do Prazer - The Oh in Ohio, no original, um bom filme - a, pasmem, Transformers - “Não é a mulher que escolhe o vibrador, é o vibrador que escolhe a mulher”. Quase dá vontade de sair da sala, não fosse algumas risadas promissoras nesse primeiro ato.

Depois melhora, mas não muito. O tempo todo a comédia de Roberto Santucci, sobre o texto de Paulo Cursino e Marcelo Saback, patina em ser mais que uma colcha de retalhos de assuntos, cenas e diálogos já utilizados, sem dar nenhuma nova roupagem. Em Busca do Prazer aparece novamente na cena de um orgasmo público causado por um aparelho, digamos, bem posicionado - a cena, inclusive, aparece ainda em outro filme, A Verdade Nua e Crua.

Ingrid Guimarães, a estrela, só em alguns momentos consegue realmente dar vazão à personagem. É de estranhar que uma “não atriz” como Maria Paula dê um banho de performance nela, ainda que não seja uma atuação ótima. A diversão maior na atuação fica na participação excelente de Denise Weinberg como a mãe, e Antônio Pedro como seu namorado.

No fim das contas, há aquelas poucas cenas engraçadas e bem cronometradas que explodem as risadas no cinema, e pouco mais que isso. Podemos, então, colocar esta produção na conta dos erros não tão graves necessários para fortalecer o cinema brasileiro.

Um comentário:

Cadú disse...

Se a pessoa for ao cinema assistir esse filme de forma despretenciosa, ele é excelente.
Se for munido de olhar crítico, "puxe o pino".