20 fevereiro, 2011

O Discurso do Rei (The King's Speech)




Não é fácil descrever a realeza em tons humanos, seja ela de qual país for. Especialmente, não é fácil retratá-la fora da sua pompa sem cair em um tipo de crítica não velada ao estilo de vida dos reis e rainhas. Este talvez seja o maior trunfo de O Discurso do Rei, a delicadeza com que David Seidler mostra as circunstâncias em que George VI foi levado ao trono, após uma transtornada sucessão. Inseguro e gago - talvez o primeiro em decorrência do segundo - ele nem mesmo queria ser rei.

Seidler é um roteirista experiente, com seus quase 20 títulos no currículo, mas sem nenhum grande. Filmes para TV, episódios de seriados e desenhos animados estão entre suas produções. Parece que ele estava esperando algo para mostrar ao mundo sua obra maior. E estava. Gago ele próprio quando criança, e tendo ouvido o discurso original que dá nome ao filme, ele sempre quis filmar a história, tanto que consultou a esposa de George, a Rainha-Mãe Elizabeth, que pediu-lhe para que não o fizesse enquanto estivesse viva. Ele cumpriu, e só agora podemos aplaudi-lo.

Ele achou em Tom Hooper - também com vários títulos de TV no currículo - a batuta certa para seu belo roteiro. E ambos souberam convidar o elenco certo, a começar por Geoffrey Rush. Sim, Colin Firth parece ser o ponto principal da história, e está de fato excelente, mas é Rush que costura a trama, que dá a liga que faltaria sem ele. Helena Bonham-Carter, numa atuação bastante competente, completa muito bem a equação.

A história dessa relação humana no meio real, uma relação que foi quase forçada pelos métodos não ortodoxos do terapeuta interpretado por Rush, é de uma beleza única. É o tipo de filme que toca com facilidade a maioria das pessoas - o que explica os vários prêmios e indicações que coleciona. Um belo exemplo de cinema que merece certamente sua presença nas salas.

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