21 setembro, 2011

Larry Crowne (Larry Crowne)

Chegar ao topo da carreira, para um ator de Hollywood, significa ser capaz de geri-la sem muita interferência. Para alguns o caminho é fundar a própria produtora e continuar fazendo mais do mesmo, apenas ganhando duas vezes sobre o próprio trabalho. Para Tom Hanks, o sucesso representou a possibilidade de investir de fato no cinema. Ele começou, claro, produzindo, mas logo passou para o roteiro e a direção, estreando bem com The Wonders. Ele também ficou atento a novos talentos, e conseguiu pescar, de uma apresentação de stand-up comedy, a hoje conhecida Nia Vardalos - Hanks ajudou-a a transfornar o monólogo no divertidíssimo Casamento Grego.

E é com Nia Vardalos que ele divide o texto de sua última produção, Larry Crowne. Vardalos, depois daquele primeiro filme, não conseguiu o mesmo sucesso - na verdade, cada nova produção sua era um tanto pior que a anterior, ao ponto do quase constrangimento. Em parceria com Hanks o roteiro melhorou, mas ainda não despontou. Ele mesmo assina a direção, em um filme que parece feito para cumprir tabela.

A história, com o interessante mote da desconstrução do sonho americano como o não tão interessante trampolim para o, sempre ele, amor, tem poucas camadas. Com o próprio Tom Hanks no papel principal, atuando apenas o mínimo para ser convincente, Larry Crowne perde o emprego e é obrigado a rever tudo sobre sua vida - incluindo a perda do símbolo máximo do american dream, a casa no subúrbio. Sua parceira romântica é bem feita por Julia Roberts, numa atuação melhor que a de seu diretor. A participação especial do ex Star Trek George Takei no papel do professor de economia é excelente. E Wilmer Valderrama, rosto conhecido do seriado That 70’s Show, mostra potencial. Mas a melhor coisa do filme provavelmente é Gugu Mbatha-Raw, inglesa descendente de africanos que em seu primeiro papel em longas mostra uma ótima performance, fazendo frente ao regular Hanks com facilidade. Chego a pensar se, assim como com Vardalos, Hanks não estaria apostando na atriz novata com esse filme.

Apesar de simpático e tocante, falta algum vigor. Mesmo sem pretensão, o filme consegue avançar com bom ritmo - as mudanças físicas no personagem Crowne, promovidas pela colega de faculdade interpretada por Mbahta-Raw, quase sustentam esse ritmo. Aliás, é na relação entre Crowne e Talia - e não entre ele e a professora de Julia Roberts - que está praticamente toda a graça do filme, o que por si só diz muito em uma produção com a alcunha de comédia romântica. Há momentos engraçados, mas não há grandes risadas, assim como também não há muito romance. Um exercício de manutenção para Hanks, apenas um pouco de diversão para o público.

Um comentário:

Rafael W. disse...

Detestei, comédia sem graça e extremamente previsivel.

http://cinelupinha.blogspot.com/