28 abril, 2007

A Estranha Perfeita (Perfect Stranger)




Bons filmes de suspense são aqueles que mantém o mistério até o último minuto. Os melhores conseguem, incusive, fazer com que você pense que já desvendou a trama para, nos minutos seguintes, te levar a outras conclusões, e no final você descobre que aquela sua primeira impressão, que depois você achou ser bobagem, era de fato a correta. Mocinhos e bandidos são uma definição volátil, e o grande barato desse tipo de roteiro é tentar juntar as peças para descobrir o final, antes do final. A sensação de, na última cena, descobrir algo totalmente novo e ter vontade de assistir novamente, é o que quase todos os suspenses tentam alcançar.

A Estranha Perfeita, de James Foley, é bastante competente nesse segmento. A trama da jornalista que se disfarça para trabalhar com o possível assassino de uma amiga, ao mesmo tempo em que o seduz através de conversas na internet, foi bem conduzida. Foley tem uma certa experiência no assunto. Seu último filme, que passou despercebido por muitos, é uma excelente trama de roubo, O Golpe Perfeito. Nada parecido com o "sessão da tarde" Quem É Essa Garota, com Madonna. Para a sua Estranha, Foley escolheu um bom time de atores, um bom roteiro, bons cenários e uma boa fotografia. Faltou chegar ao ótimo.

É bem verdade que o elenco está, sim, muito bem. O trio principal, Halle Berry, Bruce Willis e Giovanni Ribisi, segura a trama com competência e consegue ótimas cenas no decorrer da fita. Há alguns pontos no roteiro que poderiam ser melhor amarrados, e talvez o desfecho pudesse ter um pouco mais de dramaticidade se fosse deixado mais para o final, mas nada que desabone o conjunto. O filme consegue o principal: fazer com que você siga até quase o final achando que a trama é uma, para descobrir depois que olhou para o lado errado da história.

Mesmo não sendo dos raros que conseguem fazer com que você queria assistir novamente logo depois de "descobrir" o final, vale o tempo na poltrona. Os mais atentos não sairão muito satisfeitos, se conseguirem detectar alguns erros na história, mas também não sairão desapontados. Os que entrarem no cinema procurando o que foi alardeado como um "thriller erótico", entretanto, ficarão sem entender o que, afinal, há de erótico na película. A cena de poucos segundos em que Halle Berry aparece tomando banho, de costas e em plano médio? Bem, isso é o mais perto que se chega de nudez no filme, se é que pode-se chamá-la assim. Alguns meses a mais trabalhando o roteiro - e aproveitando melhor o elenco - fariam deste filme um ótimo suspense. Da forma como ficou, podemos chamá-lo de muito bom.

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