12 outubro, 2008

A Guitarra (The Guitar)




A arte de contar histórias, algumas vezes, se apega ao mínimo necessário. Esse é o caso de A Guitarra, filme que dificilmente chegará ao circuito comercial, mas que vale a pena ser assistido. Amy Redford - sim, filha do Robert - estréia na direção, depois de vários papéis secundários em filmes diversos e seriados. E escolhe para seu debut um roteiro bastante intimista, daquela simplicidade que só se atinge com muito esforço de cortar as aparas.

Assina o roteiro Amos Poe, que tem vários trabalhos no currículo, da atuação à edição, mas nada do que nos lembremos. Mas isso é o suficiente para termos uma boa idéia de quem seja: um daqueles cineastas independentes, de onde as idéias brotam, mas que muitas vezes não prestamos atenção. Ele teve a sorte de encontrar Amy em seu caminho, e ela de encontrar um bom texto. O mote não poderia ser mais simples. Melody, uma mulher de seus 30 anos e com nenhuma conquista na vida, descobre que tem câncer e morrerá em dois meses. E resolve abandonar totalmente a sua vida e fazer tudo o que tinha vontade. Mas ela não viaja o mundo, tranca-se em um espaçoso loft novaiorquino.

A fita, na maior parte do tempo, mostra apenas Saffron Burrows, como Melody. É um rosto mais ou menos conhecido, já o vimos em papéis coadjuvantes algumas vezes. Sua Melody passa do soturno da descoberta à liberdade alcançada com as mudanças com muita habilidade. Contracenando com ela, apenas dois personagens: o entregadores Roscoe, interpretado por Isaach De Bankolé, e Cookie, por Paz De La Huerta. O apartamento vazio vai sendo preenchido, como a vida da personagem, apesar de não abandonar aquelas paredes.

Os pequenos flashbacks servem para mostrar uma única coisa: a paixão antiga de Melody por uma guitarra vermelha. Tudo dito assim, pode dar a impressão de um filme monótono e pedante. Mas a condução da história não deixa isso acontecer. Não há atuações soberbas, nem movimentos inovadores, nem uma fotografia impressionante. Mas há uma mão muito boa segurando o roteiro que poderia facilmente descambar para aquele chato intelectualóide. Boa estréia, Amy.

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