08 janeiro, 2012

Minhas Tardes com Margueritte (La Tête en Friche)

Amizades inusitadas costumam fornecer bons ingredientes para histórias interessantes. Este é o mote principal do excelente Minhas Tardes com Maregueritte, um daqueles filmes que infelizmente não chegam ao circuito comercial. Construído de maneira muito simples, a trama gira em torno do encontro entre Germain, um quarentão que deu pouca atenção à também pouca educação que recebeu, e Margueritte, uma adorável senhora que sempre tem um tomo à mão. Aparentemente opostos, os personagens se reconhecem tanto na bondade quanto no apreciar das tardes das praças francesas, ao redor dos pombos.

Jean Becker, o diretor, é daqueles nomes pouco conhecidos aqui, mas bastante respeitados na Europa. Ganhador de alguns César, e indicado para a Palma de Ouro em Cannes, Becker gosta das amizades contrastantes, como já tinha demonstrado no também excelente Conversas Com Meu Jardineiro. Como o bom cinema francês, ele se aprofunda no personagem principal e toma seu ponto de vista como guia.

Gérard Depardieu é o mais conhecido ator francês, com merecimento. Nos papéis em filmes mais conhecidos aqui, ele costuma ser o grande, forte e caricato - como Portos, dos Três Mosqueteiros; Obelix, nos dois filmes da turma do Asterix; e Cirano de Bergerac, numa das filmagens mais conhecidas da famosa peça. Aqui, ele é grande e forte, mas representa a bondade daqueles de vida mais simples, e o faz com grande maestria. Sua contraparte não deixa a desejar, com a veterana Gisèle Casadeus no papel de Margeritte, usando e abusando dos trejeitos que o arquétipo do idoso marca em todos nós.

Lançado aqui em meados de 2011, provavelmente já está nas prateleiras das locadoras, além de uma ou outra sala alternativa. Como sempre recomendo, se você tem a sorte de tê-lo em exibição por perto, vá assistir. É cinema de qualidade, e de mensagem universal, daqueles que você sai com um sorriso leve da sala.

Um comentário:

Rose Domingues disse...

Simplesmente maravilhoso! De uma sensibilidade...