13 janeiro, 2012

O Espião Que Sabia Demais (Tinker, Tailor, Soldier, Spy)

Tenho uma confissão a fazer. Algo difícil de admitir para um amante de livros tanto quanto de cinema. Nunca li nada do John le Carré. Sempre soube que seus livros são ótimos, que mostrar uma visão bem diferente - e, pelo que sei, mais realista - do serviço de inteligência britânico, em contraste com o a moralidade imbatível e as cenas de ação e romance do James Bond de Ian Fleming, e que seu estilo de escrever é delicioso. Nunca li. E preciso corrigir isso o quanto antes. Infelizmente, não podia esperar para assistir o que está sendo considerado a melhor adaptação cinematográfica de uma de suas obras, O Espião Que Sabia Demais - tradução blasé que, desta vez, não é culpa da distribuidora brasileira, mas sim da editora brasileira que traduziu o livro bem antes do filme.

O próprio le Carré participou como produtor executivo, então podemos esperar que as liberdades criativas que certamente houveram foram com o seu aval. A direção foi entregue ao sueco Tomas Alfredson - e aí outra confissão, também não assisti ainda Deixa Ela Entrar, só encontro a versão norte-americana nas locadoras, e faço questão de ver a original primeiro. Alfredson usou muito bem o esquema de idas e vindas na história para montar o cenário, e a fotografia meio lavada funciona muito bem para ambientar a trama, melhor até que a excelente produção de cenário. A opção de trabalhar as câmeras quase sempre à meia distância, como se o espectador estivesse espionando a cena, foi também sublime.

O elenco, quase todo masculino, foi escolhido com cuidado. Gary Oldman, no papel principal, faz provavelmente a melhor atuação da sua carreira. Colin Firth e Mark Strong estão muito bem, embora ambos já tenham estado melhor em outros filmes. Benedict Cumberbatch e Tom Hardy fazem bons papéis, com personagens quase opostos, e vários nomes veteranos como John Hurt, Ciarán Hinds e Toby Jones fazem ótimas participações.

O filme se passa como imagino que o livro também.Só descobrimos as coisas aos poucos, e até o momento em que o tal espião é de fato revelado, todos são suspeitos. É um filme de diálogos cuidadosos e movimentos idem, como se qualquer ato tivesse que ser exaustivamente pensado. Não chega a ser um filme tenso, mas definitivamente nos deixa grudado na poltrona à espera da próxima revelação. Recomendadíssimo.

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