03 janeiro, 2012

Tudo Pelo Poder (The Ides Of March)

Há muito tempo atrás, pouco mais de 10 ano, um tal de George Clooney era só mais um dos atores de séries televisivas tentando ganhar seu espaço nas telonas. Quando era o Dr. Doug Ross de ER - Plantão Médico no Brasil - ninguém dava muita bola pra ele. Não melhorou muito o fato dele ter estrelado a possível pior adaptação de um herói de quadrinhos no cinema, o hediondo Batman & Robin de Joel Shumacher. Felizmente ele fez melhores escolhas para sua carreira depois, estrelando grandes filmes como Além da Linha Vermelha, E Aí Meu Irmão, Cadê Você?, e Mar em Fúria. Não demorou muito e ele começou a também dirigir. Foi aí que os cinéfilos começaram a de fato reparar nele.

Seu primeiro longa como diretor, Confissões de Uma Mente Perigosa, é excelente. Mas mostrava vícios de outros diretores, não deixava uma marca. Três anos se passaram e, depois de alguns episódios de uma série de TV, Clooney voltou à cadeira com o estonteante Boa Noite, E Boa Sorte. Desta vez, estava tudo lá: estilo, tratamento, tom, fotografia. Como diriam os artistas da Renascença, Boa Noite foi a sua obra prima, aquela que o batisou realmente como diretor. Depois viria uma experiência nas comédias românticas com o levemente divertido O Amor Não Tem Regras, e com Tudo Pelo Poder ele volta com tudo. Parece que a política é um tema que não só atrai Clooney, mas que também desperta nele seu melhor talento na direção.

Falar do elenco é fácil. O próprio Clooney está muito bem, Ryan Gosling no papel principal está muito bem, Philip Seymour Hoffman, como sempre, está muito bem. Paul Giamatti idem. O mesmo para Evan Rachel Woods e Marisa Tomei. E para todo o resto. Não há atuação mais ou menos para qualquer um com mais de poucos segundos e uma linha de diálogo. É um feito difícil de alcançar. Especialmente em uma fita sobre os bastidores mais recônditos do cenário político dos Estados Unidos.

Clooney, que também co-assina o roteiro, dá contornos muito claros aos personagens, o que não significa que eles possam ser distorcidos durante a trama - afinal, estamos falando de política. O título original, inclusive, The Ides Of March, é uma dica do que podemos esperar - na peça de Shakerpeare Júlio Cesar, o personagem título é recomendado a tomar cuidado com “os idos de março” (ele seria assassinado no dia 15, por seu amigo e conselheiro Brutus). Assim como em Boa Noite, aqui não há espaço para diálogos engraçadinhos e truques para prender a atenção do espectador. Não é necessário. Como bom filme, ainda que sério, ainda que um tanto revoltante, Tudo Pelo Poder prende até o fim. Imperdível.

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