08 fevereiro, 2012

Histórias Cruzadas (The Help)

O Brasil tem um certo orgulho de ser um país mixigenado, e ter feito uma abolição da escravatura cheia de confetes, igualando de uma hora para outra brancos e negros. Claro, não houve qualquer tipo de suporte aos negros então libertos, e na vida real a escravidão durou bem mais do que com a Lei Áurea. O preconceito existe até hoje. Nos Estados Unidos, a escravidão já tinha sido abolida, mas a segregação oficial permaneceu por muito mais tempo, até meados do século XX, com diversos estados em que leis proibiam a convivência de brancos e negros. Pode parecer espantoso para nós, mas é apenas a forma explícita do que aqui era, e ainda é, praticado de forma velada. O filme Histórias Cruzadas acontece em um dos momentos mais quentes da discussão racial nos EUA, mas ainda assim consegue ser um filme divertido e cativante.

Olhar o currículo do diretor Tate Taylor chega a ser curioso. Muito mais ator que diretor, Taylor não chega a ser um astro, participando como coadjuvante em alguns longas, e com diversas participações em séries. Ele achou no livro da amiga de infância Kathryn Stockett o mote perfeito para chamar atenção para seus outros talentos. Seu roteiro é ótimo, e sua forma de filmar é bem eficiente.

Um bom olho para o elenco, por exemplo, é um bom começo. Viola Davis, em um dos papéis principais, está ótima. Ela mostrou como pode fazer um bom papel em Dúvida, onde com poucos minutos de presença na fita conseguiu a indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante - e, na opinião modesta deste crítico, deveria ter levado a estatueta. Aqui ela novamente desponta, novamente com uma indicação da Academia, entre outras. Jessica Chastain faz também um ótimo papel, talvez até melhor que a colega. Estão igualmente bem Octavia Spencer e Bryce Dallas Howard. Emma Stone, no outro papel principal, funciona, mas acaba sendo destronada facilmente pelas companheiras de cena.

Apesar do assundo pesado - e para eles é ainda mais que para nós - a fita se vale de boas doses de humor bem colocadas, fotografia colorida e uma montagem de época eficiente. É uma história complexa e crítica embalada num filme muito gostoso de ver. Um bom começo para Taylor - que já tinha dirigido dois antes deste, mas podemos considerar The Help sua Obra Prima. Dizem que é um forte concorrente à estatueta de Melhor Filme, e já amealhou diversos prêmios. Não é sempre que um filme conquista público e crítica, e isso por si só já vale o seu ingresso.

Um comentário:

Rose Domingues disse...

Excelente filme! Excelente! Você assistiu 'Minhas tardes com Margueritte'? Você vai gostar!!! abs