17 janeiro, 2007

Diamante de Sangue (Blood Diamond)




Chocar é uma excelente maneira de impressionar. E poucas coisas são mais chocantes que a realidade apresentada sem meandros, sem disfarces. Diamante de Sangue trata de uma realidade difícil, e a mostra em todas as suas cores. Um país em guerra, em que o governo corrupto não tem mais forças, e a solução se apresenta ainda pior, uma milícia revolucionária com objetivos “libertadores” pouco claros. E muito, muito dinheiro disponível na forma de pedras preciosas contrabandeadas.

O diretor Edward Zwick gosta de guerras. Seus filmes mais famosos acontecem durante ou depois de uma delas. Mas nunca antes ele a apresentou com tanta acidez, nem aproveitou tanto o cenário. O filme é feio, como o é a guerra. Mas é muito bem fotografado e dirigido. Zwick foge de alguns maneirismos comuns a cenas de batalha e rende-se a outros, mas o saldo é muito positivo.

Como também nas atuações. O trio principal – Leonardo DiCaprio, Djimon Hounsou e Jennifer Connelly – está ótimo, e o mesmo pode se dizer do elenco de apoio. A história é levemente forçada quanto aos vários perigos que são desviados na busca do tal diamante rosa, mas o contexto é excelente. Em alguns momentos não sabemos se torcemos para que o Asher de DiCaprio consiga o diamante ou para que o Vandi de Hounsou recupere sua família.

Apresentar uma realidade brutal de maneira idem não é um trabalho fácil. Fazer disso um filme com um resultado tão bom, ainda mais difícil. Saber que, por pior que a situação pareça na tela, ainda assim não é próxima da realidade do lugar que retrata, nos faz deixar a sala com um gosto levemente amargo. Mas ainda assim é uma satisfação encontrar uma peça tão bem amarrada, que ousa em não medir imagens.

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