Histórias de superação são freqüentes no cinema norte-americano. Vez por outra, entretanto, elas saem com um gostinho especial. É o caso de À Procura da Felicidade, um filme cuja fórmula poderia resumir inúmeros outros: uma pessoa que luta para vencer na vida, faz escolhas erradas e chega ao fundo do poço, mas não desiste e vence. E mais, baseado em uma história real. Mas à receita foi adicionada uma pitada de sensibilidade, outra de humor, e a forma foi untada com uma bela trilha sonora e um roteiro idem.
O diretor Gabriele Muccino – italiano, o que explica o nome aparentemente feminino – estréia na meca mundial dos filmes mostrando uma boa batuta. A fita caminha quase sozinha, o que quase sempre é sinal de um diretor atencioso. Os elementos básicos são misturados com esmero, e não fica no forno nem um segundo a mais. A bela trilha de Andrea Guerra, conterrâneo do diretor, casa perfeitamente com o roteiro de Steve Conrad.
Will Smith no papel principal mostra que sua vertente dramática continua afiada. Mais conhecido por filmes de ação ou comédias – e também as comédias de ação – como Homens de Preto e Independence Day, ele já se aventurou por dramas muito bons, como Seis Graus de Separação. Sua atuação aqui lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Não é o favorito, mas mostra como ele conseguiu envolver-se com o clima da produção. O filme, afinal, é sobre ele. Seu filho, com quem contracena pela primeira vez, merece atenção, especialmente nas cenas mais fortes, que ele segura como um veterano.
Claro, tudo dá certo no final. Mas, felizmente, o filme chega ao fim na hora certa, antes de passar para o patamar de chato. Mais um sinal do acerto do diretor. E a confirmação de que não basta apenas uma boa história, é preciso saber contá-la. Em À Procura da Felicidade vemos apenas o meio, sem começo e antes do final, mas é o bastante para ficarmos satisfeitos de saber que tudo acaba bem.
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