06 junho, 2011

Um Lugar Qualquer (Somewhere)



Quando Francis Ford Coppola abriu sua produtora independente American Zoetrope, a ideia era dar vazão aos talentos ocultos de cineastas desconhecidos, levando mais arte para o cinema norte-americano. Mas pedidos insistentes dos grandes estúdios - sem falar nas somas também grandes de dinheiro oferecidas a ele - acabaram por desviá-lo do objetivo inicial, e ele ficou mais conhecido por grandes produções como a série Poderoso Chefão e Apocalipse Now. Foi sua filha, Sofia Coppola, quem conseguiu, enfim, seguir o caminho que seu pai gostaria. Cineasta de ideias e estética próprias, em seu currículo só há, por enquanto, um filme que pode chamar-se de grande produção, Maria Antonieta. Os demais são todos um pouco estranhos ao público geral, seja por não chegar às salas comerciais, seja por não fazerem o estilo que agrada à maioria.

Sua última produção, Um Lugar Qualquer, é talvez o mais artístico dos seus filmes. Centrado todo em um único personagem, que é atormentado pelo que não acontece em sua vida, pela falta de perspectivas, o longa tem um ritmo lento, poucos diálogos, e diversas tomadas com vários segundos em um único foco. O suficiente para desavisados saírem da sala antes de terminar o primeiro ato.

Stephen Dorff interpreta o ator sem rumo com bastante eficiência, e as lentes de Sofia não falham em transmitir a angústia do personagem para o público - muitas das tomadas lentas são closes nele. O contraponto é feito pela excelente Elle Fanning - atriz tão boa quanto sua irmã mais famosa, Dakota - que espanta com o realismo com que faz a filha do ator. Uma boa sequência do filme a mostra conversando com um dos amigos do ator, interpretado por Chris Pontius, em um diálogo totalmente improvisado, excelente.

O roteiro é bem trabalhado para fazer com que o público preencha algumas lacunas, e termina exatamente no ponto em que a história precisaria mudar muito para funcionar. Infelizmente, são exatamente essas qualidades que espantam o público acostumado aos roteiros mastigados das produções hollywoodianas, o que faz com o que o filme fique restrito, ao menos no Brasil, aos poucos cinemas de arte, aos festivais, e às sessões cult que algumas redes ainda arriscam fazer.

Um comentário:

Sérgio disse...

cara, não tinha nem ouvido falar desse filme... no jornal e nos sites dos cinemas, além de uma sinopse insossa e do ator principal, está classificado como "Ação"... descartei na hora rsrs mas sendo Sofia Coppola já fiquei curioso. A critica foi decisiva: irei conferir! abç