15 março, 2008

Angel (Angel)




Entre os melhores filmes franceses do início do século XXI estão os do diretor François Ozon. Um craque nos diálogos, seus filmes costumam ser sustentado pelas personagens femininas fortes - daí um de seus filmes mais conhecidos ser 8 mulheres. Angel é o seu primeiro filme falado em inglês, e, para fazê-lo, Ozon escolheu não apenas a língua, mas quase toda a carga cultural da ilha britânica. A história da jovem escritora no período da primeira guerra mundial parece que foi filmado nos anos 60.

A estética é toda antiga, da fotografia ao recurso do chroma-key fraco, da iluminação à utilização do cenário. E especialmente na trilha sonora, que não apenas soa antiga, como preenche algumas cenas como os filmes de outrora. Os personagens são o único ponto em que a contemporaneidade da fita aparece, na maneira moderna de interpretar gente de uma época anterior. Os diálogos poderiam salvar essa bagunça, mas não o fizeram. Há poucos bons momentos.

Para a personagem principal, Ozon escolheu a britânica nascida em Hong Kong Romola Garai. Já falei dela neste blog, quando escrevi sobre o excelente Desejo e Reparação. Disse que ela era a atuação mais destoante daquele filme, por ser fraca comparada à excelência alcançada por alguns dos seus pares. Aqui, como protagonista, posso novamente afirmar que é uma atriz fraca. Exagerada nos trejeitos prepotentes da sua personagem, sua Angel soa muito falsa. A seu favor, o fato de que, de forma geral, o elenco esteve fraco, incluindo o experiente Sam Neill.

É interessante que o tema escolhido seja o dessa escritora em particular, já que ela, na história, alcança a fama com livros que eram basicamente fugas da realidade, numa época em que esta era especialmente dura. Para quem já conhece o trabalho do diretor francês, a impressão é que ele quis o mesmo com este filme. É uma espécie de E O Vento Levou, onde há muita embalagem e quase nenhum conteúdo.

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