30 maio, 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull)




Em 1981, George Lucas ofereceu ao amigo Steven Spielberg um roteiro que, lido da forma errada, poderia ser o prenúncio de um fiasco: um professor de arqueologia aventureiro em busca da lendária Arca da Aliança, que guardaria as Tábuas da Lei de Moisés. Some-se a isso o protagonista ser escolhido entre o elenco original do ainda novo Star Wars, um ator pouco experiente, e nada nos levaria a crer que aquele primeiro filme se tornaria uma das maiores franquias de aventura de todos os tempos. Agora, em que estão em moda as sequências de filmes antigos, com os protagonistas já bem mais velhos, por que não trazer de volta Indiana Jones? Justiça seja feita, o assunto desta produção em particular está em pauta há mais de uma década - portanto não é tão correto dizer que O Reino da Caveira de Cristal pegou carona na moda.

Os ingredientes básicos - o roteiro pouco factível escrito por Lucas e dirigido por Spielberg - são os mesmos. O resultado, também. O filme é aventura do início ao fim, ao melhor estilo do personagem. Da cena inicial com algo simulando o formato do monte que é a logo da Paramount, às viagens marcadas no mapa, tudo aqui é o velho e bom Indiana Jones. E, por favor, não pensem "mais velho que bom". Botem a fita na sequência dos três anteriores, e temos um bom conjunto.

Harrison Ford impressiona com seu Jones sessentão, mas ainda em excelente forma. É como se ele nunca tivesse saído do personagem. Dos velhos tempos, além dele, apenas Karen Allen, que esteve no primeiro. Pouco vista, ela está também tão boa como Marion quanto em Caçadores da Arca Perdida. As novidades se encaixam bem, com Shia LaBeouf - a bola da vez em Hollywood - no papel do jovem que convence Jones a ir em busca e um velho amigo, e com a sempre ótima Cate Blanchett como a vilã. Ela tem a vantagem de conseguir adaptar-se bem à maquiagem, em nada lembrando outros personagens que já viveu. Spielberg não é exatamente um excelente diretor de atores, mas, veterano que é, sabe extrair boas performances dos seus artistas. Falando em veteranos, John Hurt no papel do velho amigo de Jones merece destaque.

É injusto dizer que a história deste não se compara a dos outros - e especialmente quando se diz que ela "viaja" demais. Afinal, Indiana Jones é exatamente isso, uma aventura com largas bases em coisas fantásticas e incríveis, e mais aquele tempero que outros do gênero nunca conseguiram copiar. Apenas uma pergunta fica: se Henry Jones Pai, no terceiro filme, bebeu do cálice sagrado, ele não deveria ser imortal? Poderiam ter arrumado um outro argumento para ele não aparecer neste.

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