17 maio, 2008

Speed Racer (Speed Racer)



Em 1999, os Irmãos Wachowski chamaram a atenção do mundo do cinema com Matrix. Unindo um filme de ação com efeitos especiais inovadores, e contando uma história com referências que iam da filosofia a religiões apócrifas, com elementos da literatura, quadrinhos e desenhos animados, Matrix possuia um conteúdo profundo, que foi amplamente discutido depois do seu lançamento. Realmente excelente, foi um acerto e tanto para os novatos irmãos roteiristas e diretores. De lá para cá, vários tropeços. A começar pela péssima atitude de criar uma franquia do seu sucesso. Ao matrix seguiram-se uma série de animações - esta ainda muito boa - e duas continuações - muito, muito forçadas. Reduziram uma história profunda a efeitos especiais em Matrix Reloaded e Revolutions. Depois, voltando-se para uma de suas referências, filmaram V de Vingança, baseado numa história em quadrinhos cult de Alan Moore. Quem conhecia os quadrinhos decepcionou-se, com uma história totalmente desvirtuada - no sentido mais radical da palavra, perda de virtude mesmo. Diálogos forçados, efeitos especiais, e nada do sentido dos quadrinhos. Agora, novamente os irmãos utilizam uma de suas referências, os desenhos animados japoneses, em Speed Racer.

O desenho japonês - surgido de um mangá - fez sucesso no mundo na década de 70, mais lá fora do que aqui, e ganhou várias versões. Os Wachowski basearam seu longa no mote original, da família de construtores de automóveis independente que luta contra as megacorporações que
dominam o mundo das corridas. Eles trabalharam muito bem o pouco tempo que tem para as origens, em flashbacks de praticamente cada um dos personagens. Não a solução mais criativa, mas funcionou bem. Os irmãos podem ter derrapado depois de Matrix, mas eles sempre filmaram bem. Speed Racer abusa do visual, criando uma festa de cores e movimento, pouco recomendado para pessoas com tendência a ataques epilépticos - como aliás o são alguns desenhos japoneses. As referências estão lá também, e inclusive nos dão uma dica do que pode ser a próxima tentativa dos irmãos. A roupa e a aparência de Pops Racer enquanto eles constroem o Mach 6 lembra muito o Mario da Nintendo, um dos mais conhecidos personagens de videogames.

O bom elenco leva bem a fita. Emile Hirsh em nada lembra o jovem avent
ureiro de Na Natureza Selvagem, mostrando um bom potencial para papéis diversos. John Goodman e Susan Sarandon estão ótimos como os pais de Racer, e o pequeno irmão é bem utilizado na comicidade idêntica à do desenho. E, claro, o chimpanzé chama bastante atenção, em tomadas muito bem feitas. Christina Ricci, como a namorada de Racer, sobresai-se em diversas cenas, atriz mais bem preparada que é, mas mantém-se em seu posto de coadjuvante.

Não podemos dizer ainda que é a volta por cima dos Wachowski. Vencer o impacto causado por Matrix - e praticamente desfeito pelas terríveis continuações - não é fácil. Aqui eles ao menos conseguiram manter o nível da história compatível com diferentes públicos, e divertir na medida certa. A velocidade das cenas de corrida - totalmente feitas em computador - em que, mesmo sem conseguir acompanhar de fato o que acontece, ficamos atentos e aflitos, é uma boa amostra de que eles acertaram alguns ponteiros, e estão dispostos a voltar a impressionar.

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