03 agosto, 2008

Meu Irmão É Filho Único (Mio Fratello È Figlio Unico)




Quem já assistiu a uma boa comédia italiana das antigas logo associa um nome como esse, e a sua origem, às histórias divertidíssimas em que todos falam ao mesmo tempo, brigando uns com os outros, mas sem se separarem. O diretor Daniele Luchetti - um dos principais cineastas italianos hoje - usou o estilo para vestir um pedaço muito particular da história recente da Itália. O filme é contado do ponto de vista de Accio, o filho do meio de uma família operária, que mora em uma pequena cidade do interior em que as coisas demoram a chegar. Deslocado, ele tenta ser padre, depois facista, indo sempre ao contrário do que todos pensam.

Accio é interpretado na adolescência por Vittorio Emanuele Propicio, muito bem em sua primeira investida no cinema. Adulto, é vivido por Elio Germano, em uma interpretação que lhe valeu a indicação ao Prêmio Europeu de Cinema, e o prêmio de melhor ator no David di Donatello, o equivalente do Oscar na Itália. Ele expressa tão bem a confusão de não se encaixar em lugar nenhum - e ainda assim não ter para onde ir - que chega a ser difícil perceber que ele na verdade interpreta. Seus companheiros na tela também estão ótimos, com destaque para o irmão mais velho e comunista vivido por Riccardo Scamarcio. A mãe vivida por Angela FInocchiaro, apesar de aparecer pouco, está também excelente.

Luchetti filma levando-nos à quase total intimidade com o personagem e com a sua vida. Ângulos muito próximos em diversos momentos da fita causam estranhesa no início, mas rapidamente nos acostumamos a ver tudo aquilo de muito perto. Sem poupar os trejeitos do seu país, o diretor consegue misturar um tema delicado e potencialmente perigoso - a divisão política pós Segunda Guerra - a um intenso drama que é, ao mesmo tempo, uma divertida e típica comédia italiana.

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