23 agosto, 2008

Reflexos da Inocência (Flashbacks of a Fool)




"Não se pode fugir do seu passado" é uma frase que o cinema repete insistentemente. Várias produções utilizam o mote de mostrar como o passado de alguém interferiu no seu presente. Reflexos da Inocência é mais um desses. A fórmula é simples: uma série de acontecimentos faz com que o protagonista revisite a sua vida - não raro algo de que ele fugiu. Mesmo sem novidades no tema, há formas e formas de contar a história.

O título original, Flashbacks of a Fool, é como quase sempre mais significativo que a tradução. Uma das boas decisões do diretor e roteirista Baillie Walsh foi a de concentrar a volta ao passado em um longo flashback, que ocupa a maior parte da fita. Nessa parte, lembra um pouco Um Verão para toda Vida, do ano passado, com sua paisagem do litoral inglês e a história girando em torno das decisões da adolescência. Walsh é um diretor novo - tem apenas um documentário e alguns videoclipes no currículo - e não conseguiu aqui colocar uma marca muito forte. Suas influências são facilmente percebidas pelos mais atentos.

Apesar de estar no poster e listado como ator principal, Daniel Craig - é, o atual James Bond - não é a maior atração do filme. Não apenas sua parte é apenas a "moldura" da história, mas também sua atuação não empolga. Sua contraparte jovem, interpretada por Harry Eden, sai-se melhor, como quase todo o elenco da fase do passado. Da forma como foi montado, poderiam ter escalado qualquer ator para a fase adulta. O fato de Craig ser também produtor certamente teve a sua influência. Além de Harry, Olivia Williams, que faz a sua mãe e a amiga Ruth interpretada por Felicity Jones são algumas das boas interpretações, além da ranzinza vizinha de Miriam Karlim.

Walsh tentou imprimir um tom idílico à parte central da produção, explorando as paisagens e a imaginação dos personagens - quase todas as críticas falam da cena em que o jovem Joe e sua pretendente Ruth dublam "If There Is Something", da banda Roxy Music, devidamente caracterizados. Podemos dizer que ele atingiu seu objetivo, mas não conseguiu criar o contraste necessário entre a vida adulta de Joe e o seu passado. A vida do ator decadente é desinteressante, e a interpretação de Craig não ajuda. Talvez por conta disso saiamos do cinema divididos entre o bom e o médio como opinião.

Nenhum comentário: