08 março, 2009

Watchmen - O Filme (Watchmen)




Zack Snyder conseguiu de novo. É uma das primeiras coisas que nos passa pela cabeça depois de assistir Watchmen, logo depois de "fantástico". Quando a HQ original foi publicada - no final da década de 80, inclusive no Brasil - Watchmen foi celebrado como um dos melhores quadrinhos já feitos, título que mantém até hoje. Utilizando as figuras de super-heróis, introduziu o tipo de linguagem, ambiente e progressão que, até então, apenas os quadrinhos alternativos adultos tinham. Escrito por um dos nomes da "tríade sagrada" da nona arte, Alan Moore, a série ronda o cinema praticamente desde que foi lançada, já tendo passado por vários roteiros, elencos e diretores - para citar apenas alguns que poderiam também fazer um ótimo trabalho, foram cotados Terry Gilliam e Darren Aronfosky. Depois de muitas rodadas, e depois que os produtores viram o que Snyder fez com 300, o filme saiu do papel.

E em grande estilo. Gilliam chegou a dizer que a história era "infilmável" e propôs uma série cinematográfica com no mínimo 5 horas. Snyder espremeu o denso conteúdo em 163 minutos e, claro, deixou algumas coisas de fora. Mas, como em 300, o essencial se manteve, o suficiente para fazer a história rodar sem problemas para aqueles que nunca leram a graphic novel. Ele teve algumas vantagens também. Comparando com 300, Watchmen, a HQ, não é tão bonita, o que permitiu que ele levasse um estilo visual mais radical, com o forte contraste que já tinha usado em 300, e também com a sua técnica de cenas de ação com breves pedaços em slow motion.

O elenco não teve nomes muito grandiosos. Poucos deles já foram protagonistas, e os poucos em filmes menos comerciais - talvez à excessão de Billy Crudup, que está quase irreconhecível como Dr. Manhattan. A escolha, entretanto, foi excelente. Não apenas parecidos fisicamente com seus personagens, as boas atuações - não ótimas - de todos permite o que é difícil em filmes que mostram equipes, que é ninguém roubar demais a cena, essencial num filme que tem que contar tanto em tão pouco tempo.

Claro, há lacunas. Na graphic novel, podemos ler vários trechos do livro que é apenas citado no filme, além de conhecer melhor a origem dos personagens e outras histórias paralelas. Dizem que a versão que será lançada para venda conterá uma edição inédita com mais de 3 horas de duração. Mas isso agora não tem importância. Para o cinema, Snyder não poderia lançar sua versão extra longa, e teve que fazer escolhas que, tudo indica, foram as corretas. Alan Moore já teve várias outras histórias adaptadas, como Do Inferno, A Liga Extraordinária e Contantine. Este último, junto com a versão ruim dos irmãos Wachowski, fez com que ele "desgostasse" do cinema, a ponto de não querer ser citado nos créditos. Quem sabe se ele resolver assistir Watchmen aconteça como outro da tríade, Frank Miller, que declarou divórcio da sétima arte mas foi reconquistado a ponto de ter lançado já um filme em que ele mesmo dirige.

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