30 setembro, 2007

Deserto Feliz




Mais um filme sobre o retrato de um Brasil não tão pujante e belo quanto o dos cartões postais. Como sempre, focado no nordeste mas, dessa vez, não utilizando o batido tema da seca. A história gira em torno de uma garota de 15 anos que vive com a mãe e o padastro no vilarejo que dá nome ao filme. Em um certo ponto da história ela é estuprada pelo padastro, e a mãe não apenas não toma atitude alguma como nem mesmo se surpreende. Ela então começa a se prostituir, até sair de casa e ir para Recife, onde conhece um jovem alemão que se apaixona por ela e a leva do Brasil.

A trama simples é marcada por muitos supercloses, muito silêncio e muitas cores frias. Há também um leve abuso de cenas com longos takes sem corte em plano linear. Na maior parte das vezes, a cena deveria dizer algo por si só, mas nem sempre acontece. O diretor Paulo Caldas estréia neste filme dirigindo sozinho. Seu primeiro longa-metragem, dividido com Lírio Ferreira, foi o aclamado e premiado Baile Perfumado, que de fato é muito bom. Aqui ele encontrou um bom tema, tinha um bom roteiro, e em várias vezes deixa entrever o filme que poderia ter sido.

O bom elenco - com um destaque merecido para Nash Laila, que interpreta Jéssica, a personagem principal - poderia ser melhor aproveitado, como também o roteiro. A solidão que o filme passa é imensa, e um dos pontos mais favoráveis da produção, que de maneira geral é muito boa. A forma como a história é trabalhada, visual e verbalmente, poderia ser melhor implementada. Pode-se dizer que o diretor teve a faca e o queijo na mão, mas cortou só até a metade.

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