Nos últimos anos vimos o gênero das cinebiografias ser revitalizado com uma onda de ótimas produções. De Cazuza a Truman Capote, passando por Ray Charles e Johnny Cash, esses filmes nos apresentam facetas não muito conhecidas de pessoas famosas, o que por si só já é um grande trunfo. Quando temos como tema um músico, há ainda suas melhores composições na trilha. Em Noel - Poeta da Vila, há ainda a curiosidade de saber mais sobre um personagem muito presente, já que suas músicas continuam a ser eternamente regravadas e ouvidas. Mas algo ficou faltando na fita.
Ricardo van Steen, o estreante diretor, baseou-se na melhor biografia escrita sobre o boêmio para o seu filme, um projeto pessoal antigo. Talvez tenha ficado tão atento às facetas do personagem que deu menor atenção ao ambiente e às várias possibilidades que sua leitura sobre um dos maiores marcos do samba nacional poderia alcançar. A Vila Isabel, berço do poeta e palco das suas maiores obras, é pouco ou nada aproveitada, como também algumas passagens interessantes da vida de Noel Rosa. A fotografia calibrada para simular uma fotografia antiga é desnecessária e afasta o espectador da contemporaneidade das suas canções.
Não sei as limitações de orçamento que a produção enfrentou, mas faltou um pouco mais de cenas externas, mostrando a Vila no início do século passado, e também faltou tempo. Os 99 minutos do filme são poucos, muito poucos, para explorar um personagem tão interessante. Como no caso de Olga, mas por outros motivos, podemos ver o potencial de um excelente filme que acaba por não acontecer. Não apenas o potencial da história, mas o potencial do diretor e especialmente do ótimo elenco. O também novato Rafael Raposo como o poeta não chega a impressionar - a não ser pela sua semelhança com o seu personagem da vida real - mas percebe-se que tem talento.
Pode parecer injusto não dar uma nota alta para uma produção que tem, sim, várias qualidades. Mas talvez essa seja a maneira de apurar o cinema brasileiro, que possui tudo o que é necessário para produzir ótimos filmes, menos o incentivo. Nesse caso, como já disse, tudo está lá. O que falta é provavelmente o apoio - financeiro inclusive - que faria com que saíssemos extasiados da poltrona, cantando os sambas que todos sabemos de cor. Ainda assim, é um filme que deve ser visto, especialmente porque a melhor maneira de melhorar o nosso cinema é dando crédito às produções que tem potencial.
Ricardo van Steen, o estreante diretor, baseou-se na melhor biografia escrita sobre o boêmio para o seu filme, um projeto pessoal antigo. Talvez tenha ficado tão atento às facetas do personagem que deu menor atenção ao ambiente e às várias possibilidades que sua leitura sobre um dos maiores marcos do samba nacional poderia alcançar. A Vila Isabel, berço do poeta e palco das suas maiores obras, é pouco ou nada aproveitada, como também algumas passagens interessantes da vida de Noel Rosa. A fotografia calibrada para simular uma fotografia antiga é desnecessária e afasta o espectador da contemporaneidade das suas canções.
Não sei as limitações de orçamento que a produção enfrentou, mas faltou um pouco mais de cenas externas, mostrando a Vila no início do século passado, e também faltou tempo. Os 99 minutos do filme são poucos, muito poucos, para explorar um personagem tão interessante. Como no caso de Olga, mas por outros motivos, podemos ver o potencial de um excelente filme que acaba por não acontecer. Não apenas o potencial da história, mas o potencial do diretor e especialmente do ótimo elenco. O também novato Rafael Raposo como o poeta não chega a impressionar - a não ser pela sua semelhança com o seu personagem da vida real - mas percebe-se que tem talento.
Pode parecer injusto não dar uma nota alta para uma produção que tem, sim, várias qualidades. Mas talvez essa seja a maneira de apurar o cinema brasileiro, que possui tudo o que é necessário para produzir ótimos filmes, menos o incentivo. Nesse caso, como já disse, tudo está lá. O que falta é provavelmente o apoio - financeiro inclusive - que faria com que saíssemos extasiados da poltrona, cantando os sambas que todos sabemos de cor. Ainda assim, é um filme que deve ser visto, especialmente porque a melhor maneira de melhorar o nosso cinema é dando crédito às produções que tem potencial.
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