17 novembro, 2007

O Búfalo da Noite (El Bufalo de la Noche)




Em 2000 fomos apresentados a uma dupla de cineastas mexicanos que, com poucos movimentos, deixaram sua marca indelével na produção cinematográfica atual. O filme era Amores Brutos, dirigido por Alejandro González Iñarritú e escrito por Guillermo Arriaga. O estilo tenso e a história de várias partes entrelaçadas agradou a crítica em cheio. A dupla realizaria mais dois projetos juntos, os excelentes 21 gramas e Babel, além de participarem nos curtas da BMW. Conta-se que, durante a produção de Babel, houve uma rixa entre os dois. Aparentemente Arriaga não gostou do comportamento do seu parceiro diretor quanto a certas declarações para a imprensa. O fato é que temos agora o primeiro longa do roteirista depois de Babel, sem Iñarritú na direção. O novato Jorge Hernandez Aldana comanda a história baseada em um livro do próprio Guillermo.

Ao contrário dos filmes com seu antigo parceiro, aqui temos apenas uma história. Como nos outros, entretanto, temos o estilo tenso e as informações dadas a conta-gotas. Um jovem esquizofrênico comete suicídio e deixa para seu melhor amigo - que havia tomado-lhe a namorada enquanto o outro estava no hospital - uma caixa. É o início de uma perseguição lenta e paulatina, que não deixará que Miguel livre-se do fantasma de Gregorio nem que aproveite a companhia de Tania, a namorada. Indo e vindo, o filme nos mostra um pouco do que aconteceu no passado e outro pouco do que acontece agora.

O estilo de Arriaga é o de seus outros roteiros, ocultando o que é interessante saber, e revelando o que talvez não gostaríamos de ver. O diretor recebeu de presente um excelente roteiro, e soube aproveitá-lo muito bem, compondo um elenco exemplar. Diego Luna, no papel principal, é um rosto conhecido para aqueles que deram uma olhada no cinema mexicano da última década. Muito bem acompanhado por Liz Gallardo, cuja semelhança com a espanhola Penelope Cruz está não apenas nas feições mas também na atuação, e pelo competente Gabriel González.

O México tem mostrado-se uma fonte de cinema de muito boa qualidade. De lá já saíram ótimos filmes, excelentes diretores, atores primorosos, tudo que pode-se esperar da sétima arte quando bem feita. Uma pena que, ainda assim, filmes como este permaneçam restritos ao circuito alternativo. Na desavença entre os antigos parceiros, pelo jeito o roteirista levou a melhor. Depois deste, já tem mais dois roteiros anunciados, enquanto Iñarritú fez apenas uma participação em um filme coletivo sobre cinema.

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