15 dezembro, 2007

Across the Universe (Across the Universe)




A própria idéia já é de certa forma genial: um musical utilizando canções e referências dos Beatles. E como ninguém pensou nisso antes? Bem, ninguém tinha, e Julie Taymor pensou. A diretora conhecida pelo excelente Frida concebeu a história, e nos presenteou com uma peça audiovisual memorável. Mais do que simplesmente utilizar as músicas, o filme é repleto de outros pontos de contato, desde o nome dos personagens até pequenos gestos - como alguém lendo o jornal enquanto ouve-se A Day In The Life em versão instrumental ao fundo, e a garota que entra pela janela do banheiro. Tudo isso mesclado com a história de um rapaz de Liverpool que se aventura nos Estados Unidos, bem a tempo de acompanhar a loucura dos anos 60.

O único rosto mais ou menos conhecido entre o elenco principal é Evan Rachel Wood, que protagonizou o forte Aos Treze. Todos os demais são atores que até então só fizeram pontas ou filmes para a TV. Essa escolha deve-se não apenas pela composição do clima do filme, como também para poder aproveitar um talento que nem todos os atores possuem. As canções - como agora já é padrão - são cantadas pelos próprios atores. Neste, com um tempero a mais: boa parte das músicas foram gravadas em cena, e não em estúdio. Apesar de não ser a voz mais bonita, o inglês Jim Sturgess é o tom de Across the Universe, com seu sotaque e timbre rouco.

E o que poderia ser uma colcha de retalhos sem muito nexo foi muito bem costurado por Taymor, em um roteiro que aproveita com primor a vasta fonte de inspiração que escolheu. A história flui bem, utiliza corretamente os momentos históricos reais e, apesar da psicodelia na metade da fita - até ela bem encaixada - não se perde. A duração é quase perfeita, o final acontece no momento certo, do jeito certo.

Quem conhece bem os Beatles vai se deliciar com a maneira como a própria história da banda é mesclada à do filme. Quem só conhece um pouco vai acompanhar com prazer as eternas músicas muito bem executadas. E quem não conhece - alguém? - tem uma ótima oportunidade para ser apresentado. Infelizmente o próprio gênero do filme vai espantar muitos, além do fato da sua distribuição no Brasil ter ficado restrita às poucas salas com vertente mais alternativa. Se você é um dos privilegiados que podem assisti-lo no cinema, não perca.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tiago, vai ver Império dos sonhos. Preciso saber suas impressões. hahaha
Como vai de férias?

Beijos