06 fevereiro, 2009

Foi Apenas um Sonho (Revolutionary Road)




Sam Mendes parece determinado a criticar a sociedade norte americana. Seu primeiro trabalho no cinema, o excelente Beleza Americana, apertava em cheio o botão do "american way of life", com cores vibrantes. Soldado Anônimo, com muita textura e granulação, atirava contra o exército atual e a Guerra do Iraque. Dos seus quatro filmes, só Estrada Para a Perdição não tem esse fundo - mas é também um ótimo trabalho. Agora, ele vai para a origem da ilusão, os anos 50, pós Segunda Guerra, nos subúrbios das grandes cidades.

Foi Apenas um Sonho não perde tempo explicando. Já começa com a crise do casal que, por motivos diversos, se vê arrastado na mesmice e no vazio. Desta vez, Mendes não dá o colorido de Beleza Americana. Ao contrário, aproveita o ambiente de época e deixa tudo com monótonos tons pastéis - mostrando que sabe fotografar bem. E várias cenas se prestam a mostrar a pasteurização do Sonho Americano.

E, como sempre, ele teve um bom elenco nas mãos. Kate Winslet e Leonardo DiCaprio estão juntos novamente como casal principal, mas desta vez em um filme que vale o tempo na poltrona. Kate é uma atriz excelente, e ainda assim parece que melhora um pouco a cada papel. Sua atuação apenas correta aqui nos faz ansiar por vê-la em O Leitor - pelo qual ela foi novamente indicada ao Oscar. DiCaprio, bem dirigido, é também ótimo. Felizmente, ele tem escolhido bem seus papéis. Vale destacar Michael Shannon em uma excelente atuação como justamente um homem perturbado que não aceita quem se encaixa nos padrões.

Não é melhor que Beleza Americana, e a comparação é inevitável. Com argumentos muito parecidos, mas tratamentos muito diferentes Foi Apenas um Sonho é um tapa bem dado, e feito sob medida para os jovens sonhadores - norte americanos ou não. É o tipo de filme que temos que rever de vez em quando.

Nenhum comentário: