15 março, 2007

A Conquista da Honra (Flags of Our Fathers)




A história dos Estados Unidos é marcada por ações políticas certeiras para fazer com que o povo dê suporte ao governo. Das diversas vezes que a história norte-americana esteve nas telas, em poucas ela ganhou tintas tão fortes e tão bem acabadas. Não é qualquer diretor que consegue não apenas manter o nível dos seus filmes durante os anos, e menos ainda são os que conseguem fazer com que eles melhorem a cada novo lançamento. Mas esse é o caso de Clint Eastwood, e o caso de A Conquista da Honra.

Como nada é perfeito, o bendito brasileiro que traduziu o filme resolveu alterar o título, que pouco tem a ver com o cerne da história, ao contrário do nome original, Flags of our fathers, que aproveita-se das múltiplas interpretações da palavra “flag” para dizer algo que poderia ser bem melhor traduzido por “Os símbolos dos nossos pais”. A história mostra o antes, o durante e o depois da batalha de Iwo Jima, quando os norte-americanos fincaram a bandeira no topo do Monte Suribachi, imortalizada na foto que é provavelmente a mais famosa imagem da segunda guerra nos EUA.

O filme mostra com primor como aquela imagem transformou a guerra, ao menos para os Estados Unidos. Praticamente falidos, aquela foto, aliada a uma excelente estratégia política – e interprete “política” da maneira mais suja que conseguir – conseguiu recuperar o dinheiro que financiaria a vitória. Os soldados que participaram da foto foram usados como garotos-propaganda, e perdendo um pouco da sua alma em cada parada para vender “bônus de guerra”. Enquanto eram chamados de heróis, perdiam bons amigos que ainda estavam na batalha. A força das imagens, a edição fora da cronologia, a fotografia com bastante realce nas sombras, tudo na fita está perfeitamente alinhado para mostrar o que o diretor quer passar.

E não é só isso. O filme continua do lado de lá, no Japão, com Cartas de Iwo Jima, mostrando um lado da guerra que o ocidente pouco ou nada conhece. A marca de Eastwood no cinema já está feita há tempos, o que permite que ele trabalhe agora pela pura arte de fazer cinema – o que o torna ainda melhor. O filme concorreu a apenas dois Oscar, provavelmente por motivos políticos que tinham que dar, dessa vez, para o há tempos merecedor Martin Scorcese alguns prêmios. Avaliando-se a carreira recente de Eastwood, mal posso esperar para ver o Cartas, sem falar na sua já anunciada próxima produção.

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