Catherine Breillat chamou a atenção do mundo do cinema em 1999, com o forte e polêmico Romance. Desde então, reforçou sua já conhecida ligação com temas relacionados ao sexo, libertação sexual e afins. Seu filme mais recente, A Última Amante, traz tudo isso, relacionado e ambientado na aristocracia francesa do século XIX. A literatura da época nos mostra que as traições, intrigas e segredos eram comuns à época. Alguns vão lembrar-se de Ligações Perigosas - inclusive, o autor do livro, Chorderos de Laclos, é citado em um diálogo entre duas matronas que discutem se o casamento entre um libertino e a "flor da aristocracia parisiense" é mesmo recomendado.
Este é um dos filmes mais leves da cineasta francesa, o que não o impede de causar algum desconforto em muitos. A caracterização dos personagens é excelente, prova de que Breillat é capaz de extrair muito dos seus atores. Por incrível que pareça, é justamente a protagonista Asia Argento, uma italiana que passeia entre produções cult e filmes hollywoodianos, que aparentemente não dá tudo de si. Sua interpretação é forte e poderosa mas, face a outros papéis da atriz, parece um pouco contida. Mas isso é equilibrado pela ótima performance do francês Fu'ad Ait Aattou, um achado. Sem outras aparições, o rapaz de feições andróginas veste bem o papel do conquistador barato - comparado a Don Juan - que encontra na inocente Hermangarde, um bom papel da pouco conhecida Roxane Mesquida, sua chance de, afinal, conquistar uma posição social. As duas matronas já citadas, Claudde Serrate e Yolande Morreau, junto com o também veterano Michael Lonsdale, completam o elenco com boa desenvoltura.
Ousada na forma de filmar, este é o filme mais caro da diretora. Isso deu a ela a liberdade de produzir uma direção de arte primorosa, com peças reais, iluminação eficiente e tudo o necessário para uma ambientação excelente. Para contrapor essa opulência, há várias cenas com nada de trilha sonora, e a maior parte dos diálogos é apenas sussurada - aumentando a sensação de que tudo o que é dito é segredo. Indicado à Palma de Ouro em Cannes, o filme foi ignorado por muitos outros festivais importantes, incluindo o Cesar francês. Uma pena. Aqui no Brasil, no sempre restrito circuito alternativo, torna-se apenas uma curiosidade para a maioria. Mas quem tiver a chance de assisti-lo, e estiver pronto a aceitar uma linguagem diferente, não irá se arrepender.
Este é um dos filmes mais leves da cineasta francesa, o que não o impede de causar algum desconforto em muitos. A caracterização dos personagens é excelente, prova de que Breillat é capaz de extrair muito dos seus atores. Por incrível que pareça, é justamente a protagonista Asia Argento, uma italiana que passeia entre produções cult e filmes hollywoodianos, que aparentemente não dá tudo de si. Sua interpretação é forte e poderosa mas, face a outros papéis da atriz, parece um pouco contida. Mas isso é equilibrado pela ótima performance do francês Fu'ad Ait Aattou, um achado. Sem outras aparições, o rapaz de feições andróginas veste bem o papel do conquistador barato - comparado a Don Juan - que encontra na inocente Hermangarde, um bom papel da pouco conhecida Roxane Mesquida, sua chance de, afinal, conquistar uma posição social. As duas matronas já citadas, Claudde Serrate e Yolande Morreau, junto com o também veterano Michael Lonsdale, completam o elenco com boa desenvoltura.
Ousada na forma de filmar, este é o filme mais caro da diretora. Isso deu a ela a liberdade de produzir uma direção de arte primorosa, com peças reais, iluminação eficiente e tudo o necessário para uma ambientação excelente. Para contrapor essa opulência, há várias cenas com nada de trilha sonora, e a maior parte dos diálogos é apenas sussurada - aumentando a sensação de que tudo o que é dito é segredo. Indicado à Palma de Ouro em Cannes, o filme foi ignorado por muitos outros festivais importantes, incluindo o Cesar francês. Uma pena. Aqui no Brasil, no sempre restrito circuito alternativo, torna-se apenas uma curiosidade para a maioria. Mas quem tiver a chance de assisti-lo, e estiver pronto a aceitar uma linguagem diferente, não irá se arrepender.
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