

O filme original tinha uma ligação com o medo ainda grande da humanidade na época de que a inteligência artificial dominaria o mundo. A IA ainda hoje não foi bem resolvida e a raça humana está em paz com seus eletrônicos, então o roteiro usou só um pouco daquele medo, e focou mais na busca de um filho por seu pai. Infelizmente, não resistiram à tentação de apelar para a temática religiosa, e muitas vezes ouvimos palavras como “criador” e “enviado” usadas para tornar Kevin Flynn e seu filho figuras endeusadas na história. Junte isso aos poderes especiais que o pai já tinha no filme original - por ser um usuário e não um programa - e temos a perfeita transcrição de um deus virtual.
O filme é a estreia na direção de Joseph Kosinski. Ele sai-se bem dando à trama coerência e ritmo, e comandando os jovens Garrett Hedlund - que foi o primo mais novo de Aquiles em Tróia - e Olivia Wilde - a Thirteen da série House. Ela está um pouco melhor que ele, mas nenhum dos dois chega perto do veterano Jeff Bridges, bastante confortável no papel que mistura um pouco do Flynn original com famoso Dude Lebowski. Sua versão mais jovem, apesar de impressionante, não conseguiu alcançar a qualidade de Benjamin Button, que usou a mesma tecnologia. Vale um destaque para a participação especial de Michael Sheen.
Os produtores foram espertos em não fazer uma continuação propriamente dita, mas os que conheçem e se lembram do Tron original podem ficar um pouco desapontados com a falta de novos paradigmas deste. Resistindo à tentação de fazer essa comparação, é um filme de ação muito bom com um roteiro interessante, e um visual fantástico.